31 de dezembro de 2006

2007

O 2006 não foi mau, sobrevivemos.
O 2007 será melhor, persistiremos!

30 de dezembro de 2006

Meios...

No editorial de hoje do DN, João Morgado Fernandes escreve sobre os equívocos da admirável nova Web. Considera o jornalista que um dos equívocos mais perigosos é a associação implícita que está a ser feita entre o novo boom da Internet e o aperfeiçoamento da democracia. Argumenta que a febre participativa apenas reflecte os desequilíbrios existentes de poder, à escala nacional e global, e que a Net nada poderá fazer para interferir nesse status quo. A influência política é apenas uma excepção que confirma a regra. A Net potencia ainda a desarticulação das mais elementares regras de convivência – desrespeito pelos direitos de autor, regras de conduta e a própria lei, isto é, “o mundo virtual ainda não encontrou o seu paradigma civilizacional. […] A Net tem, obviamente, enormes potencialidades, de lazer e informação, por exemplo. Mas convém, agora que temos esse poderosíssimo instrumento ao nosso dispor, estarmos conscientes dos seus limites.

A Net é apenas, e agora sou eu a dizer, instrumental. É um meio que deve subordinar-se aos princípios e aos fins. Entre os meios, os princípios e os fins deve haver um equilíbrio e uma coerência. O único sentido dos meios é serem a condição de realização dos fins. E qual é o fim da democracia? É uma possibilidade de realização da pessoa, de todas as pessoas. Repito, a Net é apenas um meio. A Net só pode ser uma alavanca para o desenvolvimento da democracia se for uma alavanca para o desenvolvimento da pessoa. Há que decifrar, discernir, dar um sentido a esse amontoado de informação que é muitas vezes contraditória...
É aqui que entra a educação! É aqui que entra a Escola! É aqui que entram os professores!

3 anos de reflexão (s)em rede...

2006

2005

2004
(30 de Dezembro de 2003 a 10 de Setembro de 2004)



28 de dezembro de 2006

Serviço público (IV)

Volto, uma vez mais, ao IX Congresso da AEPEC - Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural – para assinalar as ausências, que encerram, a meu ver, um elevado significado político: O ME não se fez representar!

Só posso entender esta ausência como mais um sinal da política de avestruz… Mas o melhor é visionar a cerimónia de abertura do congresso…(ver o vídeo)

Serviço público (III)

O blogue Espaços Educativos é um portal de educação que vale a pena explorar.
O colega Alberto Costa está de parabéns por este seu trabalho que é um verdadeiro serviço público.

27 de dezembro de 2006

Breve passeio pelo economês…

Eu percebo, ou melhor, eu julgo que percebo alguns jornalistas. A época não é grande coisa para notícias a sério, das que valem a pena, porque o país está fechado para balanço; e para piorar a situação, os assessores de imprensa do governo terão entrado de férias [seriam bem merecidas aliás] notando-se um abrandamento no caudal de informação bombástica.
Mas dizia eu que a vida de alguns jornalistas não está fácil. Fiquei hoje a saber que
Os portugueses gastaram 2,1 mil milhões de euros em compras, que pagaram por multibanco, durante os primeiros 25 dias do mês. Ao todo, foram 45,6 milhões de operações. E feitas as contas ao segundo, os números tornam-se mais palpáveis: 21 operações que, somadas, corresponderam a um gasto de quase mil euros a cada instante (994).” E como salienta a jornalista, “Estes dados representam um aumento de gastos de 5,4% por cento em relação ao ano anterior, o que até pode ser considerado uma boa notícia. Mas na comparação com o ano anterior - em 2005 tinha havido um aumento de 9% em relação a 2004 - verifica-se um abrandamento no crescimento do consumo com pagamento por multibanco.
Eu que não percebo nada de economês, fiquei confuso. O aumento do consumo, como sugerem estes dados, tanto pode ser considerado uma boa como uma má notícia. Será boa, digo eu, se cada português gastou menos e comprou mais; será boa, se cada português gastou mais com menos esforço do seu orçamento familiar; será má se o inverso suceder. Ou não? É que esta coisa de dizer que o que é bom para a economia pode ser mau para as pessoas deixa-me com uma coceira dos diabos.

Análises…

Não, não se trata de um exercício prático da discursividade crítica. Não, não é uma interpretação da realidade escolar que toma por referência um sistema ideológico declarado ou latente.

Hoje, o olhar foi lançado para outra realidade. Incidiu, literalmente, sobre um diagnóstico… clínico. O envelope, como sempre, foi violado logo que me chegou às mãos. Repetiu-se o ritual: vagarosamente, marcador após marcador, o valor de referência é dissecado até à última página e o ritmo respiratório aumenta sempre que há a tomada de consciência de um valor atípico…
Foi aí que me lembrei desta figura fantástica que a Teresa deixou no Aragem

Que mania esta de me mascarar de Pai Natal… E como gostei da experiência, não largarei o fato no Ano Novo… ;o)

26 de dezembro de 2006

Serviço público… (II)

Os professores: equívocos e fragilidades
João Barroso

“Quando os ventos de mudança se aproximam nós temos três atitudes possíveis: Uns constroem muralhas porque vêem nesses ventos uma ameaça à sua situação; outros constroem moinhos porque vêem nas mudanças o vento que alimenta as pás do moinho e que permite fabricar qualquer coisa; e há sempre aqueles que se limitam a esconder a cabeça na areia. Ora eu acho que nos tempos de hoje os professores têm de fazer as três coisas ao mesmo tempo. Há de facto nestes ventos de mudança ameaças substantivas em relação à sua condição profissional, em relação à sua missão de serviço público, e nesse sentido, portanto, deverão estar atentos e construir essas muralhas defendendo de uma visão excessivamente economicista e excessivamente mercantil a actividade da escola e a sua função de prestador de serviços educativos. E em tudo o que puserem em causa esta missão eles deverão construir muralhas. Mas, por outro lado, eles devem construir moinhos porque em muitos desses ventos de mudança há condições objectivas para que os professores sejam sujeitos de uma maneira positiva ao controlo social sobre a escola, sejam obrigados a prestar contas do seu serviço, e sejam por essa via dignificados recuperando um estatuto social que a sua situação de funcionários mesquinhos retirou há já algum tempo. E depois em relação a muitas reformas e das mudanças que só são feitas para que o nome dos ministros fique no diário da república, então eles fazem muito bem em esconder a cabeça na areia porque como se sabe as reformas pretendem mudar a escola mas na maior parte dos casos é a escola que muda as reformas.[In: IX Congresso Científico-Pedagógico da AEPEC]
[o negrito é meu]

[Pode visualizar a intervenção aqui]

Serviço público…

… prestado pela Universidade Lusíada de Lisboa. Está disponível em vídeo o IX Congresso Científico-Pedagógico da AEPEC.
“O sucesso escolar não é o sucesso educativo!
O sucesso escolar é o sucesso administrativo…” (Patrício, M.)
O meu destaque vai para a intervenção do professor Manuel Ferreira Patrício por lhe reconhecer uma lucidez invulgar.

22 de dezembro de 2006

Bom Natal…

…para os que ousam aventurar-se na teia…

20 de dezembro de 2006

Em que palco se pode e deve discutir o ECD?

Com o objectivo de tornar claro o descontentamento dos professores pela situação criada [imposição de um ECD] e de sublinhar a necessidade da continuação da luta contra este Estatuto, a Plataforma Sindical dos Professores apelou à leitura e aprovação desta tomada de posição [pode ser lida na íntegra fazendo um clique na figura], nas reuniões de final do 1º período.

Com uma intenção clara de manter o professorado desperto e pró-activo, esta medida engendrada pela plataforma sindical, foi recebida de forma distinta pelos docentes:
  1. Aceitação imediata;
  2. Aceitação retraída tendo sido questionada a legalidade do processo – será legal tratar este assunto num conselho de turma? -;
  3. Aceitação hesitante tendo sido questionada a conveniência do processo - é oportuno, é sensato introduzir este assunto num conselho de turma cujo ponto principal é a avaliação dos alunos? -;
  4. Rejeição imediata.
E você?... Tem opinião ou prefere aguardar pelas rabanadas? :))

Adenda: E por falar em legalidade de processos, esta coisa de contornar a lei empurrando os professores para aulas de substituição a custo zero [em tempos de escola] merece ser relevada e despertar os docentes mais conformados. Nenhum professor deve [no actual ECD e no futuro] pactuar com este abuso!

19 de dezembro de 2006

Pensamentos avulsos…

Garanto que não se trata de uma saudade assolapada da senhora e dos seus adjuntos. Muito menos de um desejo de a rever a anunciar miraculosas propostas… Arre…
Eu sei que o Natal dá muito trabalho… são muitos enfeites, muitas árvores espalhadas pelo grande edifício, muitos presépios, carradas de musgo... muito pisca-pisca na 5 de Outubro… muita música…

E por falar em música, se nos desligam a música, abruptamente, logo que começamos a dançar, o que é que acontece? Nós estranhamos, não é verdade?!… Eu sei que a época é para outras músicas, porventura mais lentas, mas este silêncio não é normal…

Silêncio era o que eu previra. Eu sei que não tenho queda para vaticínios. Errei nos prazos: dizia que até ao final do ano, depois do ECD aprovado, teríamos fumo branco… e os fuminhos que saem são cada vez mais negros… que sorte a nossa…;)

E não creio que o gesto pudesse ser considerado um sinal de sorte ou azar. Gostava, gostava sinceramente que um ministro da educação viesse a público desejar um bom natal para os profissionais que tutela sem que o seu gesto fosse entendido, de imediato, como um gesto de pura demagogia… Não, ainda não será neste Natal! Nem no próximo, certamente!...

E por falar em Natal… Um feliz Natal para todos os amigos, companheiros de viagem, e restantes visitantes.

Adenda: Peço desculpa aos puristas da lógica a tibieza dos pensamentos…


Adenda II: Bastou um sinal mais do Zoltrix e um destaque da emn.

17 de dezembro de 2006

Conversas de café…

O blogue KØNTRÅSTËS 2.0 está a publicar um conjunto de conversas informais mantidas via e-mail com os mais diversos bloggers. O objectivo é conhecer um pouco mais do blogger que dá vida ao blogue e abrir uma cortina para o que move cada autor de blogue.

Ora, deixo aqui mais uma ponta para me unir a essa teia imensa…

1. Sabendo que a blogosfera é uma janela para a vida cibernética, como vê o fenómeno «blogue»?
- A meu ver, o fenómeno blogue é um fenómeno social revelador de sujeitos inquietos que procuram no ciberespaço um ambiente propício para buscar soluções para um rol de problemas particulares e colectivos.

2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura?
- Quando entro na blogosfera procuro, normalmente, blogues que tratam problemas educativos. Busco olhares lançados para as singularidades da escola, do currículo, da sociedade. Busco formas de colaboração, espaços de reflexão e teias de conhecimento que permitam construir percursos alternativos para fazer educação.

3. O que o levou a criar um blogue?
- Criei o outròólhar para reflectir com mais intensidade as minhas crenças, para me dizer, me mostrar, de acordo com um quadro de valores que, através do movimento da escrita, (re)pensa sobre meu lugar social.

4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual?
-Três anos depois de lançar o primeiro olhar estou bastante satisfeito como a viagem. A memória, que revisito com frequência, atesta o deslumbramento por uma ideia de escola utópica que se vai materializando, dia-a-dia, na escola situada.

5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online?
- Os blogues monitorizam a imprensa e são implacáveis quando ela se desvia da missão para a qual foi criada. Há zonas de grande proximidade entre a blogosfera e a imprensa online, nomeadamente, nos espaços opinativos, faltando-lhe ainda vocação para a investigação sistemática.

6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional?
- Utilizo os blogues para corporalizar práticas de auto-avaliação e uso-os como instrumento subsidiário da minha reflexão. Nessa medida, estou a conceder-lhes um lugar muito importante na minha profissionalidade.

7. O que faz um bom blogue?
- Não é fácil responder de modo taxativo a esta pergunta. Arrisco a enunciar um conjunto de características que aprecio nos blogues: têm de ser suficientemente apelativos e provocadores para despertar no leitor a curiosidade e a participação [que não é qualificado apenas pelo número e teor dos comentários que comporta]; têm de ser íntegros no modo como se relacionam com outros blogues ou visitantes; têm de ser actualizados com frequência [no mínimo uma entrada por semana]; têm de ser capazes de nos espantar…

16 de dezembro de 2006

Resquícios - Anedotas… que fazem chorar! Ou… quem tem olho em terra de cegos…

Porque se limita o número de professores que podem obter Excelente ou Muito Bom?
"A avaliação tem sempre em conta um determinado grau de exigência e o mérito relativo. Em qualquer grupo profissional, nem todos são excelentes ou muito bons. Se o pudessem ser, seriam o próprio grau de exigência e a definição do que é Excelente e Muito Bom que estariam errados. Além disso, os professores são classificados em comparação uns com os outros. A atribuição das classificações de Excelente ou Muito Bom pressupõe um exercício de avaliação comparativa que implica necessariamente a diferenciação."
[o negrito é meu]
Em qualquer grupo profissional, nem todos são excelentes ou muito bons? Aceitemos como válida a hipótese atendendo ao universo em apreciação. Mas num grupo restrito de profissionais, como é o caso de um grupo ou de um departamento disciplinar, podem ser todos muito bons, excelentes, ou todos muito fracos! E não seria preferível aguardar que a avaliação contextualizada dissipasse qualquer dúvida?! Por que razão, na atribuição das classificações de BOM, de REGULAR e de INSUFICIENTE não se pressupõe um exercício de avaliação comparativa?

Será aceitável usar o mesmo quadro de referência para os alunos? Os alunos, em qualquer sistema de ensino, nem sempre são excelentes ou muito bons! Mas numa escola, numa turma, num grupo de alunos de uma turma, podem ser todos muito bons, excelentes ou péssimos. Ou não?
Será que estou a ficar lerdo?

15 de dezembro de 2006

Os porreiraços…

Não há escola que se preze que dispense do seu quadro docente um cromo que, por comodidade de expressão, passo a designar de professor porreiraço. É um tipo, presumo que estará muito bem identificado no manual da fauna docente (ainda no prelo ;)), que se caracteriza pela capacidade invulgar de se metamorfosear em bobo da corte. Egocêntrico, por natureza, não perde uma oportunidade para se pavonear e atrair as atenções dos alunos [porque os julga estúpidos e subservientes] num jogo inócuo e banal, pouco ou nada se importando se o exercício debilita a sua condição de educador. Usa o cochicho e a maledicência para disfarçar a falta de frontalidade. Não dá a cara por uma causa excepto se verificar unanimismo e dessa congregação de vontades puder emergir o seu ego insaciável. Foge (literalmente) dos conflitos e usa a graçola como arma de arremesso para aligeirar as discussões. Não se quer comprometer porque é um medroso. Mas atenção: nem sempre um porreiraço aparece no seu estado mais puro... o que vem dificultar a revelação...

Isto a propósito de vivermos uma época natalícia que evoca o circo… os palhaços. E porque me lembrei dos palhaços como podia deixar de pensar nos porreiraços?

Nem a eventualidade de me cruzar com um porreiraço me fará resignar. Continuarei a afirmar que: Tenho orgulho em ser professor!

14 de dezembro de 2006

Sublimação…

É uma exclamação sentida… e ponderada;
É um estado de graça que expressa um caminho desbravado…;
É uma afirmação que não comporta o risco de um desmentido…

Tenho orgulho em ser professor!

13 de dezembro de 2006

Excitações…

As declarações do ministro António Costa ao DN são, a meu ver, muito claras: o governo está na disposição de injectar dinheiro nas autarquias sob o pretexto de transferir para o poder local competências ao nível da gestão dos serviços de saúde, da educação e acção social.

Para que não persistam dúvidas, agrada-me a ideia da descentralização de competências do Estado desde que os actores locais dêem provas de maturidade e de competência na gestão do bem-comum [que não deve ser confundido com os interesses do sector económico-financeiro]. Seria inconsequente se discordasse do princípio que é defendido pelo ministro para legitimar o início deste processo negocial com as autarquias e sindicatos. Mas, e há sempre um mas, não podemos ignorar o modus como o poder local tem assumido a responsabilidade ao nível das instalações do primeiro ciclo e do pré-escolar e o modus como se estão a desenvolver as actividades de prolongamento de horário no 1º ciclo.

Delegar competências nas autarquias sem uma avaliação séria e independente do estado em que se encontra a “educação local” é caminhar em passo acelerado em direcção ao abismo!

12 de dezembro de 2006

Anedotas...

Não vi o programa "Prós e Contras" de ontem por desinteresse e por falta de paciência para os actores em palco. Mas não pude evitar de ouvir uma série de afirmações do vereador bloquista, José Sá Fernandes, que me deixaram boquiaberto, não tanto pelo teor das revelações mas pelo ar de resignação dos participantes.
Como encarar com seriedade os apelos ao sacrifício e abnegação dos portugueses quando alguns (ir)responsáveis políticos toleram e se mostram coniventes com o desperdício que constituem as empresas municipais que laboram com 3 administradores e um funcionário?
Esta é digna de ser promovida a anedota do ano…

10 de dezembro de 2006

Cultivar atitudes e valores

Entre a história das avaliações e a preparação de uma aula cruzei-me com um excelente texto do qual retirei um pequeno excerto que utilizarei na lição de amanhã. A ideia é evocar atitudes e valores adquiridos no jogo [e no desporto] que são basilares para a vida. Embora sejam as perversões do fenómeno desportivo que façam as manchetes da imprensa, o desporto continua a dar expressão aos princípios que devem animar a educação de hoje e de sempre.
Numa sociedade axiologicamente complexa e confusa há que aproveitar todas as oportunidades para dar sentido à prática educativa.
“ [...]
- Colocar paixão e emoção naquilo que se faz, envolvendo-se com empenho e afinco e mobilizando todas as forças e energias na realização dos objectivos traçados.
- Exercitar a disciplina e auto disciplina e gerir bem o tempo de cada dia, no sentido de suplantar as insuficiências e de perseguir o aprimoramento constante.
- Ter um comportamento de desprendimento e de renúncia a papéis de vedeta e de actor principal, quando a harmonia necessária ao trabalho em equipa exige o desempenho de funções secundárias.
- Interagir com os outros, sejam eles colegas ou adversários, juízes ou espectadores.
- Agir segundo as regras do jogo que são as da correcção e da ética, da consideração e do respeito pelo adversário, como forma de se respeitar a si próprio.
- Desenvolver e testar competências de vário tipo: motor, técnico, táctico, afectivo e cognitivo.
- Desenvolver as capacidades da resistência e persistência, tendo em conta que a vida é bela, mas também é dura e que é muito ténue a linha de separação entre a vitória e a derrota. Pelo que é importante nunca desistir, saber lidar com as adversidades e contrariedades, com os erros, com os problemas e os insucessos, encarando-os como pretextos e oportunidades de aprendizagem, de crescimento e desenvolvimento.
- Incorporar o gosto e o risco de tomar decisões com consequências para o próprio, para o grupo e para outras pessoas.
- Adquirir o hábito de assumir responsabilidades e aceitar críticas pelo nível de cumprimento das tarefas claramente definidas e atribuídas pelo técnico a cada elemento da equipa.
- Formar um sentido de liderança. E este não decorre de gestos focalizados na afirmação de um individualismo exuberante, mas sim da maneira como se consegue levar os outros a pensar e acreditar, a ver e fazer aquilo que possivelmente não veriam nem fariam sem o nosso impulso.
- Cultivar a imaginação, a inovação e a criatividade, a alegria e o optimismo - qualidades que o jogo permite treinar de modo quase ilimitado e que tão relevantes são para a vida, para reinventar o presente e sonhar e olhar para o futuro.
[...]” (pp. 79-80)

[Bento, J. (2004). Desporto – discurso e substância, Ed. Campo das Letras. Porto]
Adenda: Entregarei este excerto aos alunos com uma pequena nota – Afixar em local bem visível!

Avaliações

Revisito uma vez mais esta construção complexa de representações...
Propagam-se as sombras...


9 de dezembro de 2006

Duas faces… a mesma moeda

Este post do Henrique Santos e este post do Henrique Jorge têm muito em comum: Retratam actores submissos, acéfalos, derrotistas, conformistas, enfim, mostram o marasmo instalado…

8 de dezembro de 2006

Ideias que caem em saco roto…

Vê o meu amigo Manel uma incoerência no meu discurso. Para quem combate tão veementemente o ímpeto centralista dos vários governos no modo de gerir a escola, esta sugestão parece contra natura. E mais do que isso, seria pura demagogia se solicitasse a intervenção do governo para um assunto que poderia ser resolvido dentro de portas. Mas, a meu ver, não pode ser resolvido intra-muros. O alcance da minha proposta é mais largo. Pensava eu, embora admita que o meu pensamento não fosse reflectido no que foi escrito, que era necessário envolver outros agentes sociais nesta proposta. Pensava que a participação dos empregadores [e não esqueço o movimento recente de alguns que manifestaram a sua preocupação com os problemas educativos…] seria fundamental na criação de condições de acesso das famílias à escola. A generosidade da minha proposta [que decerto contaria com a resistência de muitos colegas] iria mais longe. Seria um novo apelo ao altruísmo dos professores e funcionários para sacrificar um feriado nacional e uma prova do envolvimento das famílias ou, pelo contrário, da sua demissão, na educação dos nossos alunos.
Talvez não tenha sido suficientemente claro ou a proposta é inócua qb para ser levada a sério. O que não é grave atendendo a que não tenho a presunção de influenciar quem quer que seja para assuntos de estado ;)
O que procurei dizer foi algo muito simples: Os sujeitos em geral e os alunos em particular modelam os seus comportamentos de acordo com as exigências dos contextos em que se movem, dos diferentes papéis que desempenham, dos valores que lhes norteiam a acção: há muitos pais que em casa têm anjinhos que se metamorfoseiam em pequenos diabinhos na escola. Os encarregados de educação mais avisados sabem que a sua presença na escola seria atípica e, muito provavelmente, tornaria o ambiente escolar artificial. Mas, apesar de tudo isto, apesar de existir o risco de uma encenação desprovida de significado, a experiência a que me refiro traria vantagens para as famílias e para a escola. Sentir os constrangimentos dos educandos e dos professores, mesmo que por um só dia, seria uma experiência singular. O modo como estas jornadas [posso designar esta proposta deste modo] seriam abordadas dependeria muito das dinâmicas de cada comunidade educativa. A fórmula para operacionalizar a proposta escrever-se-ia no plural.
Mas olhemos para o clima que se vive nas escolas. O meu realismo não me permite ver outro destino para a proposta: um saco roto...

6 de dezembro de 2006

Há dias assim :o(

Regresso à escola…

Os alunos não vieram sós. Trouxeram os encarregados de educação para discutir e encontrar soluções para os problemas vividos naquela sala de aulas. Estiveram juntos.

Proponho ao governo um dia na escola. Não proponho um dia festivo. Sugiro que seja instituído um dia no ano para que os pais acompanhem os seus educandos in loco. Das 8.30 às 18.20. E para que não restem dúvidas acerca da exequibilidade da proposta abdicaria de um dia de feriado nacional...

4 de dezembro de 2006

Confundir estrada da Beira com beira da estrada…

Ao contrário do que é habitual, o corre-corre de hoje desviou-me das notícias da rádio, jornais e televisão. Foi um olhar através da blogosfera que me conduziu à entrevista do ex-secretário de estado da educação ao Público, o ilustre investigador Joaquim Azevedo. Por coincidência, ou talvez não, o DN elege um estudo longitudinal do referido autor para fazer esta surpreendente manchete “12.º ano geral garante menos emprego que 9º”.

Depois de percorrer a notícia, já que infelizmente não tive acesso ao estudo, foi para mim claro que o conteúdo da notícia não é reflectido no seu título.
O que se infere a partir do título é que a escolaridade não é compensatória e que, numa lógica de empregabilidade, a conclusão do ciclo de estudos secundário não é uma mais valia. Ora, como se observa no desenvolvimento da notícia é que o 9º ano apenas garante situações de emprego mais estáveis, o que per si não traz qualquer benefício aos jovens, na medida em que “são normalmente situações de "sub-empregos" ou trabalhos mal remunerados. Não há aqui instabilidade profissional ou "ziguezagues" porque há uma espécie de impossibilidade: «São jovens sem expectativas de mobilidade social e quando encontram um emprego, ficam lá quietos, porque não podem sair».”
O que é disfarçado pelo título da notícia é que “a escola, sendo uma realidade hoje massificada, não anula ainda o "berço". Ou seja, explica Joaquim Azevedo, "o capital cultural das famílias de origem é muito marcado nos percursos escolares e itinerários profissionais". Ora, a meu ver, é isto que importa relevar. Esta notícia força-nos a repensar o tipo de escola que temos - Uma escola teimosamente exclusiva.

3 de dezembro de 2006

Sugestão de leitura

As actas do VI Congresso da AEPEC estiveram seis anos no prelo.
A colectânea de textos EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL – As Perspectivas do Movimento da Escola Cultural – organizada pelo Professor Manuel Ferreira Patrício e editada pela Porto Editora, vem clarificar os conceitos de Educação e Formação Profissional.
“Continua na ordem do dia o problema da formação profissional. Este problema não se confunde com o problema da formação, que é lidimamente o da educação. É muito para lamentar que os documentos oficiais da União Europeia, e dos Governos e Administrações dos Estados que a integram, façam e promovam em geral esta confusão, que não deixará de induzir na educação europeia (e na Europa!...) consequências graves.
Neste livro distinguem-se os conceitos. Ele trata de Educação e de Formação Profissional, que são realmente coisas diferentes e que é necessário conceber com rigor, efectuar com rigor, relacionar e articular em consequência, com a necessária solidez.

Vários são os olhares que os diversos utentes, responsáveis e actores lançam sobre a temática da Educação e Formação Profissional. Várias as abordagens teóricas e práticas realizadas pelos profissionais respectivos. Vários os caminhos, percorridos ou propostos, das práticas e políticas propriamente ditas.

Num país que liquidou - expedita, silenciosa e inconscientemente!... - o Ensino Técnico Profissional, abrindo com isso uma ferida que tarda em sarar, não é importante - é imperativo!... é urgente!... - reequacionar o problema da educação e da formação profissional, de cuja solução depende o futuro da sociedade.”

1 de dezembro de 2006

;o)

Motivos conceptuais

Porque rejeitamos um estatuto com conteúdos que sempre defendemos?

As associações profissionais de professores, interlocutores do ME formalmente constituídos para as questões cientifico-pedagógicas, e apenas para estas, defendem há anos grandes mudanças na formação e na avaliação dos professores. Perante a proposta do ME do novo ECD, como é que o desejável se tornou inaceitável?

O conceito de escola – Apesar de sermos favoráveis a uma ocupação formadora dos tempos dos alunos ocasionalmente libertados por ausência de alguns professores, a noção de escola-depósito de alunos, onde convém permanecer o maior número de horas, merece o nosso desacordo pela sobrecarga ocupacional de todos, pela incapacidade de todas as escolas proporem actividades enriquecedoras e pela consequente fadiga mental de uns e de outros. Fica ainda a perder em tempo e em qualidade o trabalho individual que terá sempre de ser realizado em casa de cada um. Realmente, o que interessa é dotar as escolas de espaços e recursos que possibilitem a realização por alunos e professores, numa interacção rentável, de actividades ricas, independentemente de serem desenvolvidas dentro ou fora das aulas curriculares.
O conceito de aula – Uma aula não existe fora da relação – que é única – entre um professor e os seus alunos, pois só ele sabe quando e como deve valorizar tal ou tal etapa do desenvolvimento de uma competência, pois só ele é conhecedor desse processo, com os seus pequenos ou grandes sucessos, com os seus obstáculos. Igualmente pessoal é um plano de aula. Que o professor que falte deixe ao seu substituto propostas de actividades de reforço das aprendizagens, é de toda a conveniência. Deixar o plano da aula, que é um percurso de ensino em princípio desenhado para entendimento do próprio professor e não para ser comunicado a terceiros (a não ser em situações particulares, como o acompanhamento de professores em formação), exige um trabalho suplementar de adaptação da linguagem e de explicações detalhadas de estratégias e actividades que não estamos certos de que o substituto domine da mesma forma, além do tempo acrescido que exige. Quando igualmente se sugere ou se manda que professores com horário zero corrijam trabalhos de avaliação de alunos de outros professores, está patente o desconhecimento de que a avaliação de cariz formativo não é um exame, elaborado, aferido, executado e corrigido com critérios que intencionalmente se destinam a correctores que desconhecem os examinandos.
O conceito de professor – Somos (des)considerados agentes não pensantes, sobre cujo trabalho, agora legalmente espartilhado, todos podem emitir opinião e a quem se quer roubar o que é peculiar e distintivo da profissão.
O conceito de formação de professores – O direito a faltas justificadas apenas para a formação contínua oferecida por organismos da tutela, relegando para fora do horário escolar (que já ocupa a maior parte do dia dos professores), para as férias ou fins-de-semana a frequência de formações organizadas por outras instituições, algumas propostas pelas suas respectivas associações profissionais, é um evidente cercear da liberdade de um profissional que se pretende responsável. Um professor tem de facto a obrigação de se formar para responder às necessidades da sua escola (e será que oferta do ME é capaz de lhes dar resposta?!), mas deve ter o direito de poder escolher o programa de formação que lhe interesse ou mais se lhe adeqúe, desde que ligado à sua especialidade. Nesta conformidade, o ECD esquece que os professores podem usufruir de actividades ou participar em projectos internacionais integrados em programas da União Europeia, que decorrem muitos deles em tempo de aulas.
O conceito de avaliação – Classificar! Punir! Nunca formar! É o que consta da proposta de ECD. As associações de professores sempre defenderam a existência de um dispositivo sério e rigoroso de formação e de avaliação do desempenho de cada professor.
Nesse dispositivo a tónica seria posta na auto-avaliação e na observação de aulas por colegas da escola e um avaliador externo, sempre com a possibilidade de se dar um tempo ao professor avaliado para melhorar e passar por uma segunda fase da sua avaliação. O que temos no ECD são o coordenador do departamento, o presidente do conselho executivo e uma comissão de coordenação de avaliação do desempenho a dizerem se o professor é Insuficiente, Regular, Bom, Muito Bom ou Excelente, sem haver uma hipótese de refazer o percurso. E que formação terão esses colegas, inevitavelmente numerosos, para garantirem esse processo? Como serão preparados para avaliadores, função que não prescinde de conhecimentos profundos e actualizados de metodologias pedagógicas e didácticas, de um grande, objectivo e rigoroso treino de observação de práticas lectivas diversificadas, da capacidade de distinguir o essencial do acessório no leque riquíssimo que é o trabalho dum professor, que não prescinde, enfim, de uma personalidade bem estruturada e isenta que não vacile em matéria tão delicada?
Relativamente às cotas para acesso às classificações de Muito Bom e Excelente, elas merecem igualmente o nosso desacordo. Se o sistema de avaliação for sério, isento e rigoroso, as classificações máximas não serão naturalmente numerosas. Para quê acrescentar mais critérios burocráticos e alheios à qualidade do desempenho de cada um?
Face ao exposto, as associações de professores abaixo-assinadas manifestam a sua discordância.

Lisboa, 20 de Novembro de 2006
Associações subscritoras:
ANPEE, Associação Nacional de Professores de Electrotecnia e Electrónica
APEDI, Associação de Professores para a Educação Intercultural
APEVT, Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica
APG, Associação de Professores de Geografia
APH, Associação de Professores de História
APM, Associação de Professores de Matemática
APP, Associação de Professores de Português
APPA, Associação Portuguesa de Professores de Alemão
APPF, Associação Portuguesa de Professores de Francês
APROCES, Associação de Professores de Ciências Económico-Sociais
CNAPEF, Conselho Nacional das Associações de Professores e Profissionais de Educação Física

In: CRIAP-ASA S@ ber nº 32 - 1 de Dezembro de 2006

Espero que esta declaração esclareça todos aqueles que consideravam que o problema do ECD se restringia a um diferendo laboral entre sindicatos e patronato.