Ao contrário do que é habitual, o corre-corre de hoje desviou-me das notícias da rádio, jornais e televisão. Foi um olhar através da blogosfera que me conduziu à entrevista do ex-secretário de estado da educação ao Público, o ilustre investigador Joaquim Azevedo. Por coincidência, ou talvez não, o DN elege um estudo longitudinal do referido autor para fazer esta surpreendente manchete “12.º ano geral garante menos emprego que 9º”.
Depois de percorrer a notícia, já que infelizmente não tive acesso ao estudo, foi para mim claro que o conteúdo da notícia não é reflectido no seu título.
O que se infere a partir do título é que a escolaridade não é compensatória e que, numa lógica de empregabilidade, a conclusão do ciclo de estudos secundário não é uma mais valia. Ora, como se observa no desenvolvimento da notícia é que o 9º ano apenas garante situações de emprego mais estáveis, o que per si não traz qualquer benefício aos jovens, na medida em que “são normalmente situações de "sub-empregos" ou trabalhos mal remunerados. Não há aqui instabilidade profissional ou "ziguezagues" porque há uma espécie de impossibilidade: «São jovens sem expectativas de mobilidade social e quando encontram um emprego, ficam lá quietos, porque não podem sair».”
O que é disfarçado pelo título da notícia é que “a escola, sendo uma realidade hoje massificada, não anula ainda o "berço". Ou seja, explica Joaquim Azevedo, "o capital cultural das famílias de origem é muito marcado nos percursos escolares e itinerários profissionais". Ora, a meu ver, é isto que importa relevar. Esta notícia força-nos a repensar o tipo de escola que temos - Uma escola teimosamente exclusiva.
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