Os professores: equívocos e fragilidades
João Barroso
“Quando os ventos de mudança se aproximam nós temos três atitudes possíveis: Uns constroem muralhas porque vêem nesses ventos uma ameaça à sua situação; outros constroem moinhos porque vêem nas mudanças o vento que alimenta as pás do moinho e que permite fabricar qualquer coisa; e há sempre aqueles que se limitam a esconder a cabeça na areia. Ora eu acho que nos tempos de hoje os professores têm de fazer as três coisas ao mesmo tempo. Há de facto nestes ventos de mudança ameaças substantivas em relação à sua condição profissional, em relação à sua missão de serviço público, e nesse sentido, portanto, deverão estar atentos e construir essas muralhas defendendo de uma visão excessivamente economicista e excessivamente mercantil a actividade da escola e a sua função de prestador de serviços educativos. E em tudo o que puserem em causa esta missão eles deverão construir muralhas. Mas, por outro lado, eles devem construir moinhos porque em muitos desses ventos de mudança há condições objectivas para que os professores sejam sujeitos de uma maneira positiva ao controlo social sobre a escola, sejam obrigados a prestar contas do seu serviço, e sejam por essa via dignificados recuperando um estatuto social que a sua situação de funcionários mesquinhos retirou há já algum tempo. E depois em relação a muitas reformas e das mudanças que só são feitas para que o nome dos ministros fique no diário da república, então eles fazem muito bem em esconder a cabeça na areia porque como se sabe as reformas pretendem mudar a escola mas na maior parte dos casos é a escola que muda as reformas.” [In: IX Congresso Científico-Pedagógico da AEPEC]
[o negrito é meu]
[Pode visualizar a intervenção aqui]
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