25 de abril de 2006

As nossas queridas professoras

"As nossas queridas professoras

Não posso deixar de vir aqui publicamente expressar a minha profunda indignação pelo ataque que está a ser infligido às nossas queridas professoras, no sentido de as obrigar a cumprir o horário de trabalho.
Trata-se de enorme violência para as próprias, para os alunos, suas famílias e população em geral.

Sim, porque não são só as professoras que sofrem com esta despudorada medida, que lhes coarcta o legítimo direito a dar umas voltinhas pelo shopping para espairecer de terem de aturar a cambada de energúmenos que se sentam nas carteiras das salas de aula e lhes limitam fortemente a possibilidade de desenvolver acções de formação permanente mediante o visionamento na televisão de vários programas instrutivos e outros que espelham bem o sentir da sociedade em que nos inserimos, como é o caso das telenovelas e dos concursos onde os docentes iam actualizando os seus conhecimentos.

Aos alunos a medida também não agrada, já que o grau de irritação dos professores tende a aumentar exponencialmente, diminuindo o nível de tolerância às graçolas e aumentando a repressão que sobre eles se abate.

A população em geral tem também vindo a sofrer as consequências, já que não há família em Portugal que não tenha no seu seio uma prima ou uma tia pertencente à prestimosa classe docente que lhes seringa constantemente os ouvidos com a injustiça que sobre eles recaiu. Toda a gente sabe que a grande motivação para passar uma vida a aturar miúdos malcriados era a possibilidade de ter umas férias decentes e de não gastar mais do que meio dia nas aulas ficando com o resto do tempo por conta. Se querem agora obrigar os desgraçados a picar o ponto de sol a sol lá se vai o interesse da função. Uma das grandes preocupações das professoras em relação a este novo regime que as obriga a ficarem na escola para além das aulas é não saberem muito bem como é que poderão ocupar aquelas horas, já que, como é óbvio, ninguém está interessado em usá-las a trabalhar, quanto mais não seja por pirraça e para chatear o ministério.

Para minorar a sua dor, posso dar aqui algumas sugestões para o melhor uso do tempo disponível. A actividade mais apropriada é a de curtirem com outros professores do sexo oposto, que também andam por ali sem saber o que fazer.
As escolas são em geral pródigas em recantos escuros e salas vazias que propiciam o desenvolvimento da prática. O único óbice resulta do reduzido número de homens, pelo que a coisa só pode ser feita em regime rotativo ou fica reservada só para as mais dotadas, com exclusão dos camafeus e das que esgotaram o prazo de validade. Uma outra actividade a que se podem dedicar é ao jogo da lerpa. Para além de ser de fácil aprendizagem, propícia um grau de excitação próximo da sugestão anterior com a vantagem de o sexo dos jogadores ser irrelevante. Para os que não são capazes de uma coisa nem de outra posso alvitrar umas sessões de espiritismo com uma roda de professoras efectivas à volta de uma mesa pé-de-galo, a estabelecerem comunicação com almas penadas vindas do além."

Manuel Ribeiro
Economista
in notícias magazine

7 comentários:

Anónimo disse...

É um cronista humorístico da Notícias Magazine, abertamente misógino e reaccionário. Umas vezes tem graça, outras é mesmo grosseiro. Além disso, não sei se chama mesmo Manuel Ribeiro, se é economista, se é homem ou mulher. Enfim, não é para levar a sério mas que combina com o resto da revista, combina.

Avozinha disse...

Não concordo com o comentário anterior. O Manuel Ribeiro (seja ele quem for) tem normalmente graça e ajuda-nos a ver-nos de fora e o nosso próprio ridículo! Claro, o que ele diz é apenas verdade poética...

Anónimo disse...

Fabulosos...é o que posso dizer de todas(mesmo todas) as crónicas do Manuel Ribeiro mas triste mesmo é as pessoas não conseguirem ver mais além...como é possivel levar a sério os comentários racistas,machistas e "insultuosos" para a inteligência e mentalidade dos dias de hoje...como se pode ser tão pobre de espírito...e não perceber o humor inteligente do "Manuel"...principalmente professoras e doutores...Manuel Ribeiro forever!

Anónimo disse...

Pois...
Antes de mais deixem-me dizer a minha posição pessoal acerca das aulas de substituição (AS) que está por detrás da origem deste artigo.
Concordo perfeitamente com esta medida do Ministério da Educação. Seja porque as AS são uma boa prática pedagógica em muitas Escolas há bastante tempo, quer porque é uma medida moralizadora daquela que deverá ser a postura de todos os agentes da Educação, começando pelos Professores e terminando nos Alunos. Como todos sabem os bons exemplos vêm de cima.

Nunca houvi falar deste senhor e, assim como eu, provavelmente 99% dos Portugueses.
É óbvio que o "Manel" se excedeu nesta crónica que não tem pés nem cabeça e está a aproveitar a discussão de um assunto muito sério, A Reorganização do Ensino, para se promover (se bem que pelas más razões).
No fundo o que este senhor fez foi chamar prostitutas às professoras (já agora não existem professores?), desautorizando-as pessoal e profissionalmente.
Pode até acontecer que algum marido, pai ou filho resolva também brincar e dê umas valentes bofetadas nas trombas deste indivíduo, só por graça...

Anónimo disse...

Um comentário como o de Manuel Ribeiro só pode ser uma anedota... ou então vindo de alguém que do ensino nada conhece.
Os professores não estão contra mais horas nas escolas. Estão contra a falta de condições para realizarem as suas funções. Como se pode trabalhar numa escola onde não existe uma sala de trabalho, onde não existem computadores, impressoras ou scanner? Como se pode trabalhar numa escola onde para um grupo de 60 professores existe uma sala onde só podem estar 12/15 de cada vez? A mesma sala que serve também de sala de Directores de Turma e de atendimento aos Encarregados de Educação? As aulas de substituição seriam algo bom se fossem feitas como devem, tal como se faz noutros países europeus, onde são realmente aulas de substituição e onde a necessidade de ausência de um professor não prejudica o seu grupo de alunos. Mas da maneira como foram implementadas em Portugal são tempo perdido. Os professores só exigem que as medidas tomadas sejam coerentes e que sirvam realmente para melhorar o sistema de ensino em Portugal. Estamos um pouco fartos de medidas populistas que não servem para nada e cujos resultados são nulos. Muitos alunos são obrigados a ficarem dentro de uma sala de aulas com professores que muitas vezes não são seus professores, sem actividades programadas, quando poderiam ter o seu tempo melhor utilizado nas bibliotecas, salas de estudo e clubes. Só que estas actividades implicavam dinheiro… O que eu me pergunto é se o Ministério da Educação está MESMO interessado na melhoria do ensino em Portugal. Ou se está simplesmente a lançar medidas que causam muito impacto na opinião pública mas que não têm resultados práticos.

Anónimo disse...

Depois de ter lido atentamente, apenas tenho uma dúvida?
De onde lhe vem tanta sabedoria? Tanto conhecimento de causa? É da experiência própria (no que se refere ao sexo oposto)? Será da educação que recebeu e dos exemplos que segue? Cuidado então com a educação que dá aos seus filhos! Olhe que todos temos telhados de vidro e um dia quem sabe se as filhas não pertenceram à classe! Aí é que aporca torce o rabo... quero ver se depois continua a falar assim...
Aliás já pensou porque é que não há reformas no ensino superior? porque simplesmente metade ou mais de metade dos que lá estão pertencem à sua classe! Dói não dói?!e já agora veja se escreve com menos erros...
Saudações cordiais, Raquel,Ponte de Sor

Anónimo disse...

porco e revilhoso