A escola é uma encruzilhada de culturas por onde circulam preferências e exigências muito diversas. Essas procuras exigem prioridades, conteúdos e actividades contraditórias entre si e incongruências entre o que defende o currículo, as exigências do ME, o que pedem os Conselhos Executivos, as vontades dos pais, etc., etc.
O professor vive no meio desta encruzilhada e deverá de ter uma perspectiva tão polivalente quanto possível para dar respostas às finalidades da educação díspares, como deixei implícito atrás. O nosso trabalho não se limita a cumprir orientações do ME, CE, ou dos EE. É um exercício permanente de desconstrução da realidade em que vivemos para “dar aquilo que os alunos necessitam”.
Os professores sabem que ser professor é muito mais do que dar aulas e corrigir testes! Bastará vaguear por uma escola para perceber esta evidência. Isto não significa que alguns [muitos?] professores satisfaçam as “exigências” de muitos [todos?] encarregados de educação e se limitem a preparar os alunos para os testes e exames. Isto não significa que muitos professores se limitem a guardar os alunos mantendo-os numa situação de “vigilância” porque a escola também serve para os ocupar. À falta de trabalho a escola também serve para guardar adultos jovens!
Os professores sabem que ser professor é muito mais do que dar aulas e corrigir testes! Os professores sabem que ser professor é muito mais do que guardar crinaças e jovens!
Há professores que sempre trabalharam em vãos de escada, em corredores barulhentos, em saunas convertidas em espaço de aula. Sempre o fizerem e continuarão a fazer enquanto sentirem inviolada a sua dignidade profissional. Os professores sempre souberam diferenciar as prioridades.
O artigo de opinião do Dr. Daniel Sampaio é um apenas sinal de que o processo de legitimação das paupérrimas condições de trabalho já se iniciou.
E isso é perigoso porque é a dignidade profissional que está em jogo.
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