20 de junho de 2008

Reescrita

Encanecendo

O tempo é fenomenológico. E como diferem os sentidos subjectivos do tempo.
E se juntarmos ao tempo um corpo fenomenológico? O que vemos? Um tempo corporal! Vemos um corpo vivido!
Através do corpo, ou seja, através dos modos de percepção do uso do próprio corpo, vamos tomando consciência de vários corpos: O meu corpo; o corpo que se evidencia aos outros; o corpo objecto de estudo; e o corpo da corporeidade. É deste corpo que me interesse falar: do corpo que me obriga a conhecer-me porque eu sou o meu corpo, como dizia algures um autor de referência num livro de referência.
Sinto que o meu tempo vivido é mais curto que o meu tempo contado. Paradoxalmente, sinto que a parábola da vida marcha, vertiginosamente, para uma fase descendente. É esta falta de homogeneidade no tempo vivido que me permite reescrever a história da vida sob diferentes matizes. Hoje é o tempo. Este continua a ser o meu tempo.
"Este é o tempo
da selva mais obscura
Até o ar azul se tornou grades
E a luz do sol se tornou impura
Esta é a noite
Densa de chacais
Pesada de amargura
Este é o tempo em que os homens renunciam.”

Sophia de Mello Breyner,
Mar Morto (1962)

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