«Sócrates garante apoio para nova gestão.
O primeiro-ministro revelou ontem que o Conselho Nacional de Educação (CNE) recebeu com "consenso" os objectivos da proposta do Governo de reforma da gestão escolar, que disse ter como meta dar maior autonomia às escolas.
José Sócrates falava no final da reunião com o CNE, órgão presidido por Júlio Pedrosa (ex-ministro da Educação).
Pela parte do Governo, além de Sócrates, estiveram presentes os ministros do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
"Foram três horas de reunião muito interessantes, em que tive a ocasião de transmitir ao CNE a importância que o Governo atribui às políticas de educação", referiu Sócrates, acrescentando que foi feito um convite àquele organismo "para que faça uma reflexão sobre a nova proposta de lei da gestão escolar". A revisão da lei do sistema de gestão escolar foi apresentada em Dezembro, no Parlamento. Segundo o primeiro-ministro, "é essencial que o país ande mais depressa nos domínios das qualificações e, para isso, são necessárias melhores escolas".» (JN)
Permitam-me o desvario de propagandear um mau serviço público de informação.
1. Título da notícia: «Sócrates garante apoio para nova gestão»
Como é que o governo garante o apoio do CNE se no final da peça jornalística nos é dito que na reunião foi realizado um convite àquele organismo para que faça uma reflexão sobre a nova proposta. Não é expectável que surja um apoio sem estudar e reflectir previamente a proposta. Ou não? Será que o apoio é incondicional?
2. Corpo da notícia: “O primeiro-ministro revelou ontem que o Conselho Nacional de Educação (CNE) recebeu com "consenso" os objectivos da proposta do Governo de reforma da gestão escolar, que disse ter como meta dar maior autonomia às escolas.”
O CNE recebeu com “consenso” os objectivos da proposta? Se o CNE recebeu um convite para se pronunciar sobre a proposta do governo então o termo “consenso” apesar das aspas é um termo desadequado, excessivo e falacioso porque sugere que há uma concordância com o teor do documento.
"Foram três horas de reunião muito interessantes, em que tive a ocasião de transmitir ao CNE a importância que o Governo atribui às políticas de educação", referiu Sócrates [...]
Três horas de reunião para transmitir a importância que o governo atribui às políticas da educação? Pelo tempo que o primeiro-ministro necessitou para transmitir “a importância que o governo atribui às suas políticas da educação” – 3 horas? – é compreensível a dificuldade em encontrar tempo para explicar as políticas. Ora, está aqui o busílis do problema deste governo. Afinal não é de autismo que se trata. Trata-se de falta de tempo... porque o tempo que é gasto serve para explicar a importância das coisas em vez de explicar as coisas.
“Segundo o primeiro-ministro, "é essencial que o país ande mais depressa nos domínios das qualificações e, para isso, são necessárias melhores escolas".
Ao terminar a peça reproduzindo um chavão desconexo do primeiro-ministro, o jornalista perdeu uma boa oportunidade para apresentar pelo menos um argumento inteligível que justificasse a alteração normativa à gestão escolar.
É aqui que entram os papagaios...
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