O governo, em peso, decidiu fazer uma romaria pelas escolas para assinalar a abertura do ano lectivo. Não havendo nenhuma novidade a anunciar pelo governo no reinício das actividades escolares , há dois factos políticos a relevar: um decorre do folclore mediático, o outro está implícito nas mensagens da propaganda que querem transformar a escola num lugar onde o fácil é idolatrado, onde se promove o efémero, o utilitário e imediato.
1. A determinação do primeiro-ministro em aguentar, até ao final do mandato, a actual ministra da educação é um mau sinal. Os constantes votos de confiança política fazem-me lembrar aqueles presidentes dos clubes de futebol que se apressam a manifestar solidariedade ao treinador, depois de uma série de desaires desportivos, amortecendo desse modo as críticas dos adeptos mais impacientes. Nos dois acasos, a aparição pública do presidente (do clube ou do conselho de ministros) só se justifica porque há um mau desempenho que reclama uma mensagem de solidariedade. Um bom ministro dispensa a presença do chefe do governo. A sua obra fala por si. Nas coisas da bola, o treinador só resiste até ao fim do contrato com bons resultados. Nas coisas da política, um mau ministro só resiste até ao fim do mandato se o governo tiver espaço de manobra nas sondagens. Ora, como as recentes sondagens de opinião colocam o partido do governo em valores próximos da maioria absoluta, o primeiro-ministro pode continuar a gerir os maus desempenho dos membros do governo inaptos sem hipotecar a renovação de mandato.
2. A campanha idiota do regresso às aulas, que uma marca de supermercados lançou recentemente, dizia que regressar às aulas não custa nada. O programa “novas oportunidades” assenta no mesmo erro porque veicula, subliminarmente, uma ética do fugaz.
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