“Os amigos fazem-nos engordar? Dizem que sim. Um estudo nos Estados Unidos, um dos países onde se é mais gordo, conclui que a obesidade se dissemina como uma doença infecciosa, só que através dos laços sociais. Assim, quem tiver um amigo obeso correrá riscos de ficar como ele, ainda mais se ambos forem do mesmo sexo. Os irmãos e os casais também se influenciam na gordura, embora em menor grau do que os amigos.”Foi no Público que encontrei esta referência: um estudo americano apresenta a obesidade como um fenómeno que se processa em rede. Presumo que o motivo de destaque da notícia esteja associado mais ao efeito recreativo da notícia (que levará muitos dos leitores a gracejar e a questionar a malignidade/benignidade do morfótipo do círculo de amigos) e menos ao quê de inovador da descoberta.
Há muito tempo que se sabe que a obesidade sofre a influência de factores indirectos – como o estatuto sócio económico e o envolvimento do contexto cultural. Há muito tempo que são conhecidas as influências comportamentais (dietas, actividade física, exercício físico e tabagismo) que, por sua vez, são condicionadas por uma série de factores biológicos, tais como a hereditariedade, idade, género e programação fetal.
Que este jornal dê um destaque ao problema da obesidade pela via mais populista até se percebe, o que não se percebe é o silêncio ensurdecedor (numa época em que os silêncios são cada vez mais coercivos e menos optativos) das autoridades responsáveis pelas questões da saúde pública e da educação.
Não é estranho que a escola se demita de afrontar o problema da obesidade infanto-juvenil, atacando os factores directos, designadamente, as dietas (que são oferecidas nas cantinas e nos bares da escola) e os programas de actividade física (nos tempos lectivos e não lectivos)?
Ou será que a escola, entretida com a formação de mão-de-obra para compor estatísticas internacionais, deixou de se preocupar com as necessidades básicas da pessoa que mora no aluno?
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