A avaliação dos professores ao ser transformada no nó-górdio do sistema educativo tornou-se, de imediato, conveniente para um conjunto de interesses, alguns deles opostos. Foi conveniente, desde logo, para o ME porque os holofotes da comunicação social ao incidirem num dos actores do sistema deixaram de aclarar a irrelevância e a incoerência de um conjunto de políticas que afectam o sector [e não estou a pensar apenas nas políticas educativas]. Foi conveniente para aquele tipo de encarregado de educação que vê na acção do professor o motivo da “crise da escola”. Foi conveniente para os órgãos de comunicação social que participam activamente nos movimentos de privatização da educação. Foi conveniente para aqueles órgãos directivos das escolas que reclamam mais poder e controlo para coagir e controlar professores inconformados. Foi conveniente para todos aqueles professores que estão fartos de serem molestados no circo mediático e confundidos com os prevaricadores. Foi conveniente para uma “elite” que se convenceu de que foram os únicos a passar por um sistema de “ensino a sério” e que uma das formas de purgar os males do sistema educativo passa pelo exame a uma classe profissional – os professores – pretensamente conivente com o agravamento da qualidade do ensino. Foi conveniente para todos os docentes que têm por hábito submeter as suas práticas ao veredicto dos alunos, pares e outros elementos da comunidade educativa.
Reunidas as vontades por motivos diversos, é certo, vamos então lançar um olhar para a avaliação contextualizada procurando que ela tenha significado para os avaliados e que se traduza em práticas de qualidade.
Adenda: Um outro modelo de avaliação.
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