Um dos objectivos da avaliação do desempenho é “favorecer o trabalho colaborativo dos docentes, orientado para os resultados escolares.” (Artº 41 da proposta de alteração do ECD)As mudanças introduzidas na escola, externa e centralizadamente, não dispensam a colaboração dos professores. Os administradores precisam de assegurar a mobilização dos docentes e utilizam formas mais ou menos coercivas para seduzir os mais renitentes [A recente proposta de alteração ao ECD por exemplo]. É uma colaboração compulsiva, não voluntária, orientada mais para a implementação das mudanças do que para o desenvolvimento dos professores. A inflexibilidade deste tipo de colaboração faz com que os professores se alienem em cenários escolares simulados para as exigências administrativas e, por essa razão, pouco interessantes e adequados às necessidades reais das escolas.
Pelo facto da colaboração assumir formas muito diversas e produzir resultados distintos em função do significado que lhe é atribuído, do ponto de vista do administrador nem sempre é desejável que os professores colaborem se se perceber que dessa colaboração resulta uma comunidade de professores que podem seleccionar as inovações a adoptar numa escola situada.
Mesmo entre pares, há distintas compreensões sobre o significado da colaboração. A colaboração é entendida como o ensino em equipa, diálogo profissional, investigação-acção em colaboração, treino com pares, etc., etc. E cada um destes significados tem implicações distintas na interdependência dos professores. Uma conversa informal na sala de professores, uma partilha de material e recursos, o receber ajuda e assistência de um colega, são formas de colaboração que não requerem uma estreita interdependência entre colegas. Ora, por tudo isto é que a colaboração deve ser voluntária, orientada para o desenvolvimento, difundida no espaço e no tempo e imprevisível.
Perceber este tipo de colaboração nos documentos oficiais é um exercício falacioso.
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