A escola portuguesa tem sido subordinada a uma administração hierárquica tipicamente piramidal baseada num modelo burocrático, normativo e de procedimentos. E um modelo que reclama um tipo de liderança forte, muitas vezes associada a um estilo autocrático. No quadro em que se desenvolve este tipo de liderança, os órgãos de gestão devem fazer cumprir as normas superiormente determinadas, que lhes absorvem o tempo, remetendo-os a funções cada vez mais burocráticas. Os conselhos executivos transformaram-se assim em mangas-de-alpaca que não têm tempo para liderar pessoas, mobilizar vontades, acompanhar o desenvolvimento do projecto educativo [parece que o conceito saiu de moda], serem líderes de líderes.
Foi este o caminho que o ME escolheu para governar as escolas. É um modelo que não suscitará as mudanças profundas que carece o sistema escolar. É um modelo que serve desígnios economicistas de curto prazo do governo mas que fará perigar o desenvolvimento educativo nacional a médio e longo prazo. Porquê? Porque não se vislumbra uma forma de adquirir uma performance sustentável do sistema sem a existência de lideranças a todos os níveis da organização.
O paradoxo é demasiado evidente: Enquanto o governo vai dando sinais de querer concentrar nos órgãos de gestão mais poder para controlar as escolas [e domar o professorado] obriga os conselhos executivos a um acréscimo de trabalho burocrático que os afasta dos contextos de prática educativa.
Não acham isto muito estranho?
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