30 de março de 2006

Sentimento de injustiça e educação para a paz.

O director de turma interrompeu a aula e solicitou alguns minutos para falar com a turma.
Os alunos estavam agitados, excessivamente inquietos:

- A professora não deu os objectivos!... O teste é na 6ª feira e, ao contrário do que tem sido hábito, ainda não conhecemos os objectivos do teste. Exclamava a C. ao mesmo tempo que deixava escapar o rubor da face.
- Estás certa de que houve uma promessa de facultar os objectivos do teste? Retorquiu o director de turma num tom de voz calmo e apaziguador.

O burburinho ia crescendo à medida que entrava em cena uma nova versão dos factos. O esforço do director de turma em aclarar posições parecia condenado ao insucesso. A conversa prolongou-se para além dos cinco minutos requeridos pelo director de turma sem se vislumbrar saída para a contenda. Os alunos sentiam-se injustiçados e prejudicados [para utilizar uma expressão proferida obstinadamente pela C.] pela pretensa medida infundada tomada pela professora.

Ficarei por aqui. Aproveito a complexidade desta cena real para destacar uma ideia de fundo: Os conflitos são oportunidades para os actores educativos se confrontarem com a Educação para a paz. E não será necessário conhecer o desenvolvimento do episódio para se extraírem algumas ilações:

  1. A educação para a paz é uma filosofia de vida. O objectivo é desenvolver uma cultura de nãoviolência que ajude as pessoas a olhar criticamente a realidade, a situar-se nela, a resolver os conflitos de forma não violenta, e que favoreça o desenvolvimento pessoal numa direcção positiva.
  2. Educar para a paz implica não suprimir a agressividade, que em princípio é positiva, porque facilita o controlo das tensões e evita que os conflitos se resolvam de maneira violenta;
  3. Educar para a tolerância e para a diversidade releva as diferenças entre as pessoas, ajudam-nos a crescer, a conhecer novas perspectivas e pontos de vista e permitem estabelecer pontos de encontro.
  4. Educar exige um compromisso com a justiça para que, quando apareçam situações contrárias a ela e não desejáveis, se manifeste a desobediência.

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