Ao ler as boas novas da Finlândia recordo, com alguma nostalgia à mistura, os momentos de debate que marcaram a minha formação inicial. Os olhares concentravam-se no desporto e buscavam noutras paragens outros modelos de trabalho, de treino, de prática, de organização. Enquanto que os conceitos, ou melhor, os pré-conceitos relativos à minha área de especialização eram, paulatinamente, revisitados à procura de sustentabilidade, a comunicação social fixava-se no espectáculo desportivo deixando escapar sinais de incompreensão pela aparição de uma qualquer Rosa Mota ou de um título europeu de clubes. Aciclicamente, a desgraçada nação desportiva gerava um talento desportivo. Nesse tempo, tal como hoje, as câmaras de televisão mostravam os mesmos especialistas em diagnósticos, de lupa em riste, à procura do SEGREDO do sucesso. Ironicamente, o destino desportivo de um país estéril deixava brotar um resultado de nível internacional. Fantástico! Afinal, mesmo com políticas de desenvolvimento desportivo inócuas era possível gerar talento desportivo e obter resultados; Mesmo com políticas de desenvolvimento desportivo incongruentes com os discursos que as suportam, o modelo de prática piramidal produzia campeões e aqui pouco importava se, por via disso, seriam ou não hipotecados os recursos financeiros para uma prática desportiva generalizada.
Enquanto o circo mediático montado em torno do espectáculo desportivo continuar a alimentar uma política de terra queimada [até porque os recursos são finitos], os modelos dos outros quando observados sob olhares paisagísticos encontrarão resistências nas concepções relativistas de eficácia. Azar o deles!
Adenda - … Azar o deles!? Para ser mais exacto: Azar o nosso!!
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