Sentei-me pregado ao teclado com a intenção de abordar dois assuntos que me ocuparam a atenção durante uma parte do dia. Foi sol que durou pouco! A memória foi assaltada por assuntos mais importantes e a subjectividade tomou conta de mim.
Foi aí que deixei correr a aragem…
Mestres e discípulos
Durante algum tempo ficara apreensivo. Eram uma afronta e uma ingratidão as pequenas desavenças. Por breves momentos, a irreverência era o sinal que eu teimava em não querer perceber. A rejeição não fora comemorada efusivamente! Hoje, só a distância me permite ver que a perda pode ser uma oportunidade!
"[…] O Mestre aprende com o discípulo e é modificado por esta inter-relação através de algo que, idealmente, se converte num processo de troca. O acto de dar torna-se recíproco, como nos meandros do amor. No dizer de Paul Celan: «Sou mais eu quando sou tu.» Os Mestres repudiam os discípulos, considerando-os indignos ou desleais. O discípulo, por sua vez, sente que ultrapassou o Mestre e que deve rejeitá-Io de modo a assumir a sua própria identidade (Wittgenstein ordenar-lhe-á que o faça). Esta vitória sobre o Mestre, com os seus componentes psicanalíticos de rebelião edipiana, pode provocar sofrimento traumático, como acontece no adeus a Virgílio no Purgatorio, de Dante, ou em The Master of Go, de Kawabata. Ou pode constituir uma fonte de satisfação vingativa, tanto na ficção - Wagner triunfa sobre Fausto - como na realidade - Heidegger leva a melhor sobre Husserl, humilhando-o." (Steiner, G., 2003, p. 15)*
* George Steiner “As lições dos Mestres”. Ed. Gradiva.
Adenda: Reflectindo é um novo ponto de passagem. Está aqui: http://canseiras.blogspot.com/
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