1. Expressei, no texto anterior, a minha surpresa pela inabilidade política deste governo revelada na condução do processo de revisão do estatuto da carreira docente. Considero que decisões unilaterais em matérias tão sensíveis como as que determinaram os pré-avisos de greve acentuarão ainda mais o mal-estar, generalizado, dos docentes. A falta de bom senso não augura nada de bom para o futuro da escola.
2. A minha desaprovação pelo défice de discussão, de ausência de diálogo e de boa-fé negocial, não se esgota na análise dos encontros ao mais alto nível da administração. Tenho defendido nos lugares onde me assento, que a esperteza saloia de uns quantos iluminados com poder de decisão não pode ficar sem resposta devendo ser desmascarada. Mesmo que confundamos a firmeza com a tirania não será necessário uma especial acuidade para detectar pequenos déspotas. Apartes!
3. Na génese da acção reivindicativa encontro uma predisposição para, um pré dinamismo, um estado de vigilância. Isto vem a propósito de uma constatação subjectiva [obviamente] do professorado que vê emergir em si próprio uma letargia que lhe tolhe a participação. Ao relegar para os sindicatos a função de vigília acabou por entrar num processo de destreino. O problema maior desta atitude atípica é, como já o afirmei noutras ocasiões, a falta de participação cívica nos processos de discussão intra-muros. É uma indiferença pela vida da escola que não se deve, em exclusivo, à intensificação do trabalho docente. Deve-se também a esta letargia profissional que se expressa nas pequenas coisas das escolas, nomeadamente, no envolvimento [ou falta dele] nos projectos que ultrapassam as fronteiras da sala de aula.
4. Se nos afastarmos deste caldeirão mediático o que é que podemos retirar de positivo? Vejo muito verniz a quebrar nas relações profissionais. Observo os acomodados[instalados] incomodados. E esse incómodo pode ser o ponto de partida para uma alteração de atitude em relação à escola. Pode ser…
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