29 de abril de 2005

As grandes reformas (II)

A entrada anterior sugere uma reconfiguração dos padrões de organização do trabalho dos professores. Se bem entendi a proposta do Manuel, há como que uma teia de relações colegiais que transcendem as relações interdepartamentais. Os mediadores deste mosaico fluído [utilizando a designação de Hargreaves] têm um papel essencial na coerência da estrutura devido à sua capacidade de mobilização dos recursos humanos existentes [Fullan considera este tipo de liderança indispensável nas organizações pós-modernas].
Avancemos um pouco mais em direcção ao plano de trabalho. Coloquemos a lente nas metodologias de cooperação e colaboração e vejamos uma proposta concreta.
O exemplo que apresento foi pensado para uma turma de um curso tecnológico e aponta um caminho. As disciplinas estão estruturadas em torno dos projectos a desenvolver pelos formandos. As tarefas e situações de aprendizagem devem estar articuladas no sentido do sucesso dos projectos e o plano de turma das disciplinas deve contemplar esta perspectiva integrada e prever uma articulação necessária entre as sessões de fundamentação e as de aplicação de conhecimentos. O papel dos alunos não deverá resumir-se à simples execução das tarefas em actividades sobre as quais não assumem protagonismo. Nem mesmo ao nível da aprendizagem de conceitos deverá deixar de ser considerada a aprendizagem activa. O trabalho em equipa, a cooperação e a entre-ajuda são requisitos fundamentais da formação dos alunos. Assim, estamos a aceitar que os compromissos colectivos determinam em grande medida a eficiência e a qualidade do trabalho.

Na estruturação deste curso entendeu-se definir, como momentos cruciais e integradores, a organização de actividades que envolvam a Escola e a Comunidade. Estas actividades são denominadas - Actividades Referentes [AR]. É no desenvolvimento deste processo que as diversas matérias se articulam e cruzam. As actividades referentes não são definidas para cada disciplina do curso e a escolha e a concepção destas actividades é da responsabilidade de um grupo disciplinar ou dos professores do conselho de turma, de modo a promover a animação da comunidade educativa e integrar o curso na vida da escola.

Definidas as actividades referentes AR1 e AR2 [distanciadas no tempo] e analisados os módulos programáticos das várias disciplinas envolvidas no plano curricular da turma, os professores iniciam um movimento de articulação inter-disciplinar entrecruzando as várias matérias tendo como quadro de referência as competências solicitadas em cada uma das Actividades Referentes.

O exemplo apresentado na figura considera apenas duas disciplinas do curso tecnológico de desporto [PDR e ODD]. O quadro só ficará completo após a incorporação das restantes disciplinas do curso.

Há dias evocava um 25 de Abril de esperança e de ambição. Hoje, retomo a mesma questão: Conhecem outra forma de atacar na raiz a crise da escola?

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