Via Queuniversidade cheguei à notícia do Diário Económico
“Os vice-reitores querem criar ano zero para os cursos de Engenharia. […] Os responsáveis das principais escolas de Engenharia exigem a criação de um 13º ano para os candidatos, se o governo optar por reduzir a duração da licenciatura de engenharia para três anos.”
O mecanismo de selecção recorreria ao filtro tradicional dos exames nacionais para conclusão do ensino secundário [final do 12º ano] e um ano depois, no final do 13º ano, voltaria a malhar no ferro frio, isto é, exames nacionais às disciplinas nucleares.
A proposta revela, a meu ver, uma forma engenhosa [ou não estivéssemos perante um caso de engenharia] de contornar as imposições decorrentes de Bolonha - redução da duração da licenciatura de engenharia para três anos – acrescentando depois um ano à formação sob o pretexto de preparar melhor os alunos para as exigências do superior.
Admitindo que todas as instituições do ensino superior possam alegar as mesmas razões [falta de preparação dos alunos], veria com agrado a generalização desta medida aos restantes cursos, desde que:
1. Suspendessem os exames nacionais no final do 12º ano. [a selecção dos alunos para o ano zero incidiria nas classificações do final do secundário];
2. Transferissem para as instituições do ensino superior a logística dos exames nacionais no final do 13º ano. Ao invés de considerar este ano zero como uma desvalorização do ensino secundário pela suposta perda de protagonismo no mecanismo de acesso dos alunos ao ensino superior, observo uma possibilidade de eliminar alguns dos problemas que enfermam este nível de ensino.
A extinção dos exames nacionais produziria consequências benignas, nomeadamente:
1. O ensino secundário concentrar-se-ia nas exigências de formação integral libertando-se do jugo das exigências académicas do ensino superior;
2. Os professores do secundário abdicariam da cartilha dos exames nacionais dedicando-se, em exclusivo à “desconstrução” territorializada dos programas nacionais;
3. As universidades e politécnicos assumiriam o ónus dos problemas de formação dos alunos encontrando os antídotos que entendessem convenientes aplicando-os nas suas coutadas.
PS: “Os alunos que não atingissem a classificação mínima teriam que frequentar Cursos de Especialização Tecnológica (CET’S)”.
O Politécnico confirmará o seu estatuto de parente pobre do ensino superior, tal como sucede com os famigerados cursos tecnológicos do ensino secundário.
Voltarei ao assunto.
1 comentário:
"sob o pretexto de preparar melhor os alunos para as exigências do superior."
Não é pretexto nenhum! Há muito tempo que as escolas de engenharia tentam criar este ano zero, pois os alunos chegam à faculdade com uma preparação matemática cada vez pior! Acho uma excelente ideia, independentemente de Bolonha.
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