19 de dezembro de 2004

O exame é uma competição.

No desporto de alto rendimento a competição é o quadro de referência para a organização do treino; no desporto de crianças e pubescentes, a competição deve constituir uma extensão e complemento do treino (Marques, 1999: 26). As competições devem servir os propósitos da formação, e por isso, devem estar ligados não só no plano organizativo, como nos conteúdos (Weineck, 1983). Se as alterações na estrutura e regulamentos das competições começam a deixar de gerar resistências por parte dos responsáveis pelas actividades físicas dos mais jovens, a alteração do conteúdo das competições já é defendida por um número crescente de especialistas (Rost, 2000; Lima, 2000).
O impacto da competição tem de levar em conta o processo de socialização do jovem com as suas vivências competitivas. As experiências repetidas de exposição ao potencial de avaliação social de uma competição, podem promover, positiva ou negativamente, o desenvolvimento do indivíduo.
Foi neste enquadramento que emergiu a questão enunciada no post anterior: Será legítimo analisar o exame como processo social a partir do[s] quadro[s] de referência utilizado[s] na competição desportiva?
Se aceitarmos como válida esta proposição, o processo de exame [tal como o processo de competição desportiva] subordinar-se-ia aos objectivos formativos dos jovens. Desse modo, os exames dos jovens teriam de ser substancialmente diferentes dos exames dos adultos.

A formação desportiva de um jovem está intimamente ligada ao seu processo desenvolvimental. Contudo, não é crível que as consequências de uma competição isolada, tenha ela constituído um êxito ou um fracasso para o indivíduo, ocasione efeitos marcadamente perniciosos para o seu desenvolvimento psico-social.

Claro que não respondi à questão. Apenas me atrevi a aclará-la.
Este redireccionamento[?] da lente de análise das questões educativas para as questões desportivas [inseparáveis quando se trata de jovens] não termina aqui.
Martin (1999:57) considera que os objectivos de treino não podem ser orientados para os melhores resultados individuais alcançados no momento, em termos de rendimento. “Aquilo que é importante é respeitar as tarefas de cada etapa de treino, os seus objectivos e os seus conteúdos e procurar alcançar os níveis previamente determinados da capacidade de rendimento e dos pré-requisitos. (...) Uma vez que o treino de jovens tem um carácter e funções de perspectiva, os objectivos e conteúdos de treino devem atender à multilateralidade e à especialização temporal”.
Ora, vejam lá se estas preocupações do Martin são ou não inquietações educativas?

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