9 de julho de 2008

SEDES e a defesa da educação utilitarista

"Só através da dotação de conhecimentos habilitantes num mundo competitivo, se pode promover eficazmente a ascensão social, pelo que uma educação competente é o melhor, senão mesmo o único, meio de libertar duradouramente as pessoas da pobreza e das limitações da sua origem social. Por isso as atitudes de complacência e de rebaixamento dos padrões de exigência que têm dominado, nas últimas décadas, o nosso sistema de ensino são, no fundo, os melhores meios para tornar os pobres mais pobres e para perpetuar a sua situação de dependência. E não há nenhum discurso socializante que, por si só, inverta esta realidade." (SEDES)

Equívoco 1 – A ascensão social é possível pela via dos conhecimentos.
Com a classe média a desaparecer e o número de licenciados no desemprego a engrossar, a ascensão social é uma promessa conveniente. Por um lado, a miragem da ascensão social retarda as convulsões sociais que podem ser desencadeadas pela tomada de consciência das condições de vida assimétricas e irreversíveis. Por outro lado, a miragem da ascensão social permite ao modus vivendi instalado gerir com mais folga os interesses da casta.

Equívoco 2 – A educação competente é o único meio para libertar as pessoas da pobreza.
Depreendo que o conceito de educação aqui aplicado pretenda significar uma educação escolar, eventualmente, uma formação profissional. É certo que uma educação competente não se reduz à sua dimensão utilitarista. O problema é que a formação profissional parece ser a única dimensão valorizada pelos arautos do neoliberalismo. O que me leva a inferir que a educação competente defendida pela SEDES é incongruente com a ideia de libertação.

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