[…] na primeira série do PISA, Portugal aparece no ranking de países numa posição modesta em Matemática. Como já se referiu, o PISA avalia competências de jovens de 15 anos. Acontece que, na maioria dos países participantes, a esmagadora maioria dos jovens desta idade frequentam os 10° ou 11° após de escolaridade. Em, Portugal, pelo contrário, temos um número muito elevado de jovens de 15 anos que frequentam os 7°, 8° ou 9° anos de escolaridade, ou mesmo anos de escolaridade mais iniciais, muitos dos quais participaram, naturalmente, no estudo. É óbvio que os resultados não podem deixar de ser fortemente influenciados por este facto, pois, por exemplo, é muito diferente testar um jovem de 15 anos que frequenta o 8°ano de escolaridade ou um outro que frequente o 10°ano de escolaridade. Uma análise mais fina dos dados mostra que a média dos jovens portugueses que frequentam os 10° ou 11°anos de escolaridade é superior à média verificada no conjunto dos países participantes. O que pode ser também interessante analisar e interpretar. Em todo o caso, o que aqui se pretende referir é a incapacidade que, ao longo dos anos, temos vindo a demonstrar para proceder a análises nacionais dos dados. Não para evitar a comparação com os dados dos restantes países, mas para a contextualizar e proceder a análises que retratem mais rigorosamente a nossa realidade e que, no contexto de um estudo internacional, poderão não fazer muito sentido." (o negrito é meu) (Fernandes, 2005)
É a tal “disfunção do sistema educativo” a que se referia o Secretário de Estado Adjunto da Educação nas declarações à imprensa. Percebe-se que Jorge Pedreira leu a cartilha e leu o que mais lhe conveio. Usou um bom argumento para se defender dos pretensos maus resultados académicos dos alunos passando de seguida ao contra-ataque, numa espécie de fuga para a frente, como tem sido apanágio deste ME.
«Portugal consegue ter um resultado acima da média entre os alunos que têm um percurso escolar normal [que nunca chumbaram]. Nos outros, a situação é dramática», sublinhou Jorge Pedreira, adiantando que o estudo mostra que a retenção não está a funcionar em Portugal como um mecanismo de recuperação dos estudantes. (in: Portugal Diário)
Urge retirar os empecilhos do caminho para pedir meças no PISA. Deste modo, num ápice, acabamos por melhorar as estatísticas do insucesso escolar. Direi que é uma ideia… reluzente... a condizer com a quadra natalícia.
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