Dou alvíssaras a quem descobrir imagens das declarações de José Sócrates na cerimónia da assinatura de contratos de autonomia. A ideia é rever o discurso. Ainda consegui ouvir, numa edição do Jornal da Tarde (não memorizei o canal], algo que me fez sorrir: dizia o nosso primeiro-ministro, embalado por uma retórica bem ritmada, que o sonho de qualquer professor é ter alunos.
O sonho de qualquer professor é ter alunos, o sonho de qualquer primeiro-ministro de Portugal é ter portugueses para governar e o sonho de qualquer médico é ter doentes: esta é a lógica populista do discurso oficial.
Não se pense que a declaração do primeiro-ministro é despicienda. Ela retracta com rara exactidão o modo como este governo olha para os professores: uns pobres coitados, ingratos, que deviam olhar para os desempregados deste país para perceberem a sorte que têm em receber emprego do Estado. Calões!
José Sócrates reservou para o final da sua intervenção um elogio a Maria de Lurdes Rodrigues. "Em meu nome e dos membros do Governo quero aqui dizer o quanto apreciamos o seu trabalho e o da sua equipa à frente do Ministério da Educação"
Amém!
Adenda: A eficiência no discurso do nosso primeiro-ministro foi de tal grandeza que nem se deu conta [será?] de ter desmentido a ministra da educação ao afirmar que, afinal, o número de alunos no sistema está a aumentar.
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