9 de junho de 2007

No fio da navalha…

“Uma faca pode ser usada para fins bons ou para cometer um assassínio.” (Santos Guerra)
A chave para o problema da diminuição da despesa pública na área da educação tem sido, para os reformadores imbuídos pelo paradigma da racionalidade técnica, a avaliação dos professores e a avaliação das escolas.
A reciclagem do ECD permitiu abrir caminho à redução dos gastos com o pessoal docente, só faltando, para compor o ramalhete, burilar o “novo” modelo de gestão escolar [que potenciará o sucesso escolar para fins estatísticos]. A avaliação aparece como a panaceia para os males educativos e é necessário questionar o que esta avaliação pretende, quem dela beneficia e quem a controla. Como diz e bem Santos Guerra (1993), “a avaliação pode ter finalidades positivas ou ser utilizada para graves e numerosos abusos”. Senão vejamos uma parte do que mudará: o anterior produto de avaliação, o relatório de reflexão, dará lugar a uma avaliação presencial realizada por um par (titular) que fiscalizará o cumprimento de alguns formalismos e assistirá a 3 aulas ao longo do ano lectivo. A mudança de orientação é clara: a exigência de um prático reflexivo (que Perrenoud definia "como alguém que transgride ou contesta os interditos […] [que] não reflecte por prazer; visa antes, a eficácia, a equidade, a qualidade, a consistência educativa e a coerência") dará lugar a um prático basista que se deve limitar a satisfazer as expectativas do titular que o classifica.

Insisto: caríssimos, há que procurar aclarar o que esta avaliação pretende, quem dela beneficia e quem a controla!

Sem comentários: