“O cerne da excelência do ensino é a solidez científica dos currículos e a formação científica dos professores” Desidério Murcho [Público, 4/01/2007 – Pode ser lido aqui]
A realidade não é o preto e o branco. Ela é matizada pelos olhares que lhe são lançados. O olhar de Desidério Murcho representa uma simplificação dessa realidade que pode ser enriquecida se procurarmos outras perspectivas:
- Os defensores da perspectiva puramente científica pensam que na formação do professor a única coisa que importa é preparar estritamente no âmbito das matérias que o professor vai ensinar. Só interessa “o que” se ensina. É uma posição radical, sem dúvida, embora profundamente conservadora.
- A perspectiva científica-didáctica encontra mais defensores entre os docentes. Deve ser competente nas matérias da especialidade da sua docência e receber uma formação didáctica mínima que o habilite para leccionar ao nível da turma. Pretende-se um professor ajustado à concepção da escola estritamente curricular. É uma perspectiva puramente metodológica, em que os conteúdos são o fim e os métodos os meios.
- A perspectiva científica-pedagógica encara o professor não apenas como agente de ensino de matérias específicas, mas como agente educativo global, ordenando todo o seu ensino para o desenvolvimento da personalidade dos educados a seu cargo. Este professor não reduz o âmbito da sua acção educativa à turma mas alarga-a a toda a instituição escolar.
- A perspectiva cultural é solidária com o paradigma da escola cultural. Este professor é um agente de ensino que estende a sua acção à turma, à escola e à comunidade educativa. É uma perspectiva situada, enraizada no solo, como refere Patrício. É a que não separa o aprender escolar do aprender vital, a escolaridade da vida.
A unilateralidade nos discursos sobre a educação é uma demonstração da crise no modo de pensar a educação!
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