A crónica de António Barreto (AB) no Público [19/11/06] vale-se do sistema educativo para fazer um elogio à prestação de contas.
Não considero que este texto do prestigiado cronista reedite [embora subliminarmente isso possa acontecer] a retórica da agenda económica dos discursos gerencialistas, discursos esses que partem do pressuposto de que o aluno é uma matéria-prima da escola e que é a partir dessa matéria-prima que todo o sistema deve ser avaliado. O que se depreende deste texto é que a prestação de contas deve ser feita a uma entidade exterior ao próprio sistema como garantia de independência. “Prestar contas não é apenas mostrar as despesas e as receitas, assim como a honestidade e a falta dela. É também mostrar o que se faz e o que não se faz. Se se fez bem ou mal. Se se fez tudo o que deveria ser feito ou não. Se os resultados são os previstos ou perversos.” A prestação contas que não se confunde com avaliação, procura discriminar avaliados e avaliadores, requer comprometimento.
Não fosse uma pequena incoerência no discurso de AB, subscreveria este texto. Diz AB que “nada muda só por motivos interiores. Não há melhoramentos sem intervenção exterior. […] Ora, enquanto as escolas não prestarem contas a entidades autárquicas, às comunidades e aos pais [..] podemos ter a certeza de que os orçamentos são mal gastos, que a irresponsabilidade reina e que a impunidade é a regra”.
Se a escola deve prestar contas a alguém exterior ao sistema, pergunto se as autarquias, a comunidade e os pais não fazem parte deste sistema? E a quem serve esta escola que exclui a comunidade local?
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