20 de setembro de 2006

Quem deu um tiro no sapato?…

Não vi nem li uma reacção de desagrado de um qualquer representante do PSD acerca do programa do Prós ME, o que não deixa de ser comprometedor.

Vejamos: O país assistiu em directo a um vergonhoso beija-mão dos presidentes de conselhos executivos convidados para o programa Prós ME. Não estranhei a postura dos colegas “executivos” no referido programa porque ainda tenho presente o ambiente quase sigiloso, hesitante e comprometido que marcou a célebre reunião da Maia.
Sendo incontestável a prova pública de fidelidade à tutela, e não importa saber se o fizeram de forma consciente ou se foi apenas uma questão de sobrevivência [política], os presidentes de conselhos executivos intervenientes no programa acabaram por relevar a falta de oportunidade da recente proposta do PSD – o projecto de lei que consagra a liberdade de gestão das escolas . Mas a prestação destes actores não ficou por aqui. Para além de servirem de amparo à ministra, ainda tiveram tempo de demonstrar que:
  • é possível aproximar o ME das escolas se for conquistada a principal liderança da escola;
  • que a figura do gestor nomeado pela tutela é dispensável porque o actual modelo não cria resistências à prossecução das políticas educativas;
  • os actuais gestores não representam os professores o que atira por terra a velha tese do corporativismo na gestão escolar;
  • os professores para defenderem o seu estatuto só poderão contar com eles próprios e com as estruturas legítimas [profissionais e sindicais] que, de forma inequívoca, defendam a classe docente.
Se os gestores que temos no terreno são de confiança e ainda por cima “baratos” [permitam-me a utilização de uma linguagem de merceeiro], para quê avançar com uma proposta que será obviamente mais cara [alguém acredita que há gestores profissionais com o perfil da Madre Teresa?] e que não garantirá melhores resultados. E por falar em resultados, que resultados se esperam alcançar com a metamorfose?

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