"O Conselho Executivo da Escola EB 2,3 Inês de Castro, em Coimbra, demitiu-se, alegando que, "devido ao estado de desmotivação dos professores provocado pelas declarações da ministra da Educação, não se encontram reunidas as condições para promover o plano delineado com vista à promoção do sucesso" dos alunos." [Público de hoje]
Garantido o apoio incondicional das associações de pais ao focalizar unicamente na acção dos professores a maior responsabilidade pelos maus resultados escolares dos alunos, o ME necessitou do apoio dos conselhos executivos para fazer passar uma imagem de harmonia e estabilidade para a opinião pública. Era necessário passar à opinião pública a ideia de que as reacções dos professores eram reacções corporativas, usuais nas organizações que sentem a perda de privilégios. Esta manobra foi muito bem concedida, sob o ponto de vista táctico naturalmente, pela equipa de 5 de Outubro. Depois, e ainda procurando “dividir a classe para reinar”, foi necessário envolver os professores mais antigos do quadro de escola colocando-os numa função de silenciador ou amortecedor das reacções adversas que a proposta de alteração do ECD suscitaria quando fosse conhecida pelos docentes. A ideia de que os professores mais antigos fariam parte da elite docente alimentaria o ego destes professores e a lógica “umbiguista” faria o resto.
Ora, é neste ponto em que nos encontramos: Estamos muito próximo do golpe final que é a desqualificação [proletarização] da função docente se o documento que foi apresentado não sofrer uma metamorfose.
É por tudo isto e por estarmos neste ponto, que a acção isolada [e que grande coragem demonstraram os docentes do conselho executivo da Inês de Castro, caros colegas] terá sido uma pedrada no charco na estratégia do ministério da educação, que tudo tem feito para que os conselhos executivos, os grandes guardiães da classe docente, garantam uma estabilidade apodrecida nas escolas. Infelizmente, não existirão muitos mais exemplos deste tipo a assinalar porque “a carne é fraca”.
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