20 de fevereiro de 2006

Pausa

Interrompo até 4ª feira a minha participação na blogosfera.
Não é um sinal de protesto pela recente declaração ao jornal Público do Engenheiro José Sócrates: “Aulas de substituição obrigatórias no ensino secundário a partir de Setembro”.
Também não é um sinal de regozijo pela votação nos Blopes.

É uma peregrinação gloriosa e não decorre das cerimónias de Fátima! ;)

Adenda: Ao percorrer este exercício reflexivo da Isabel, fui tomado por um cocktail de sentimentos antagónicos: um mesclado de nostalgia, euforia, cólera e inquietação.

Este estado solidário decorre da minha profunda admiração pelos verdadeiros actores educativos que resistem ao assalto dos pára-quedistas da educação. E quem são? Refiro-me concretamente a um grupo hegemónico de analistas muito bem retratados por Licínio Lima e Almerindo Janela Afonso, no mapeamento das políticas educativas em Portugal:

“De facto, a visibilidade social de muitos analistas e o seu paradoxal afastamento (e muitas vezes desconhecimento) das realidades e especificidades socioeducativas e organizacionais a nível local e institucional, bem como dos processos educativos e pedagógicos concretos, não superado através de uma actividade sistemática de trabalho de campo e de recolha e análise de dados empíricos em contextos específicos de acção, condena-os a visões apenas panorâmicas, tendencialmente englobantes e homogéneas das realidades educativas (e, por essa via, muitas vezes, a análises daquilo que não conhecem, ou só muito parcialmente podem conhecer). Ensaiam, assim, um olhar constante de cima para baixo, sem a procura do desafio inverso (e da eventual vertigem resultante), isto é, sem interrogar as grandes decisões políticas e legislativas (centrais), pretensamente reproduzidas nas diversas unidades de gestão (periféricas), a partir da centralidade da acção educativo-pedagógica que ocorre em contextos e por iniciativa de actores concretos, com a força que lhes advém da acção e com a respectiva margem de autonomia relativa, e por vezes com o interesse e a capacidade de não reproduzir apenas as directivas centrais mas também de lhes conferir, na/pela acção, um estatuto periférico ou marginal.” (p. 11)

[o negrito é meu]

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