6 de dezembro de 2005

O que fazer da autonomia sem colaboração?

A Grã-Bretanha caiu numa armadilha. [...] “O perigo da focalização dos governos na autonomia das escolas é que eles passam demasiado tempo a pensar nas estruturas, esquecendo o ensino e a aprendizagem em si mesmos e em como o facto de os melhorar poderia levar à criação de modelos adequados a seguir”. [...]
Não queremos cair na armadilha! As questões da autonomia podem ser analisadas sob o ponto de vista da colaboração. Vejamos:
Os autores de referência que se têm dedicado a pensar os problemas da autonomia referem, invariavelmente, uma relação umbilical com o projecto educativo de escola. É a especificidade do projecto educativo que concebe a singularidade de uma escola e a torna diferente de todas as outras. Se me deixar levar por um modesto exercício intelectual afasto os constrangimentos relativos à celebração dos contratos de autonomia. Assumo que as escolas entendem a autonomia como um processo que se constrói na procura e definição da identidade do sistema pelos próprios actores e na capacidade de se organizarem. E admito um consenso generalizado em torno do conceito de autonomia: é um processo que resultou da negociação de todos os actores que fazem parte do sistema escola. Este cenário afasta-se do modelo holandês [autonomia decretada] porque a autonomia, nesta perspectiva, deve ser reclamada, conquistada, e nunca, imposta por decreto.

Encontro-me numa fase em que procuro mapear um problema.

  • Há ou não autonomia pedagógica que conceda à escola as condições para a reorganização dos planos de estudos [matriz curricular] dos alunos?
  • A declarada autonomia concede à escola a possibilidade de tomar decisões ao nível pedagógico, curricular, e poder na gestão de recursos da escola e de pessoal?

Estou a pensar numa verdadeira “revolução organizacional” que se fundaria numa outra lógica de lidar com o saber. Vejamos um esboço académico para o 3º ciclo do ensino básico: A sala de aula abandonaria a configuração tradicional e assemelhar-se-ia com um centro de recursos. É uma alteração que implicaria, forçosamente, o redimensionamento e a reforma dos espaços escolares; A organização disciplinar proposta na Escola da Ponte [não torça o nariz, por enquanto... ;)] seria o ponto de partida para um novo ordenamento disciplinar: a linguística (Português, Ingês, Francês, Espanhol, ….), lógico-matemática (a Matemática, a Física e a Química,…) a naturalista (Geografia, Biologia, História, …), identitária (Educação Física e Filosofia, …) e artística (Educação Visual, Tecnológica, Musical,…). A Informática seria uma área de ligação e de suporte instrumental. Os departamentos disciplinares persistirão, lado a lado com outras unidades que se desenvolvem em resposta a desafios contínuos – equipa educativa que planeia a ligação dos alunos ao mundo do trabalho, a equipa para as relações com a comunidade, etc.,etc.
Regresso, de novo, ao problema inicial: a operacionalidade da autonomia remete-nos para problemas relacionados com a colaboração... huummm….

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