12 de outubro de 2005

Professor de bancada

Achei graça a uma expressão que vi pela primeira vez aplicada ao domínio educativo e que fora retirada [digo eu] do léxico futebolístico: O Blogueducação apresenta-se como um blogue dedicado à coisa educativa e considera que “somos todos educadores [nem que seja de bancada]”. A afirmação de que somos todos educadores, nem que seja de bancada, poderá encerrar uma grande confusão conceptual se assentar na tese de que todos somos educadores só pelo simples facto de assistirmos, apreciarmos, opinarmos, aplaudirmos, condenarmos, o acto educativo, por analogia ao treinador de bancada. Isto é, a garantia do assento numa bancada com vista privilegiada para o acto educativo é a condição suficiente para aceder à categoria de educador.
A aversão que sinto por esta tese decorre da aceitação de que a educação não é um processo apassivante de mera transmissão cultural, mas tem de ser um processo activante de assimilação, crescimento e desenvolvimento pessoal, como diria o professor Patrício. A educação é acção, é relação! O mundo visto da bancada ou, na versão «pós-moderna», do sofá, é alienante. Assim como será alienante a educação sem epiderme. Educar na bancada é, paradoxalmente, estar por dentro cá fora.

A apologia da bancada não será uma forma camuflada de “voyerismo”? Será que esta doença [o “voyerismo”… uma doença?] só se manifesta no fenómeno desportivo porque é a coisa mais séria das coisas menos sérias?
E para as coisas sérias como a economia [risos], a política [uma orgia de risos], a justiça [choro] ou a educação [risos intervalados com choro]?
Não será um absurdo assumirmos a condição de juízes de bancada, médicos de bancada, economistas de bancada, padres de bancada, polícias de bancada e, por que não, professores de bancada?

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