22 de agosto de 2005

O governo do piano

Adenda: Foi revelado o mistério. "O enigmático «homem do piano», que apareceu elegantemente vestido em Inglaterra em Abril sem qualquer documentação e sem falar, rompeu o silêncio contando que é alemão e que viajou para o Reino Unido depois de perder o emprego que tinha em Paris."

O governo, enquanto se manteve enclausurado nos gabinetes a estudar os dossiês, alimentou na opinião pública lusitana um fascínio do mesmo tipo que o “homem do piano” criara na opinião pública inglesa, no dia em que a estranha figura apareceu numa estrada da ilha de Sheppey.
O silêncio [e a quebra dele] foi o denominador comum destas duas figuras de ficção.
Os cronistas do regime não deixaram escapar as diferenças de postura relativamente ao anterior executivo onde a incontinência verbal daria o seu lugar a um silêncio profundo, prenunciador de algo positivo. Era pelo menos assim que clamavam as crónicas da época. Do lado do governo, as peças musicais dos “coelhos” pianistas criavam o ambiente favorável para a implementação das reformas essenciais ao desenvolvimento do país e pronunciavam uma ruptura com o passado no que se diz respeito à conduta dos actores políticos.
Até que um dia o pianista cansou-se de estar calado e as músicas perderam o seu encanto. Nesse dia, quando abriu a boca para dizer quem era, deixou claro que as nomeações para os altos cargos políticos obedecia a um único critério - a partidarização do estado. Os portugueses, que se tinham mostrado fascinados pelo seu comportamento, não descartam a possibilidade de que o homem estivesse actuando durante todo este tempo.

Por mim, não lhe dava a alta. Seria o seu castigo pela desilusão que nos causou.

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