9 de julho de 2005

Trapalhadas

“Os directores de turma, os coordenadores de estágios e os orientadores do Desporto Escolar vão continuar a acumular a redução de horário pelos cargos pedagógicos que desempenham com a redução por tempo de serviço, que é concedida a todos os docentes a partir dos 40 anos de idade. A decisão foi anunciada ontem, no final de uma reunião entre o Secretário de Estado Adjunto da Educação, Jorge Pedreira, e representantes da Federação Nacional dos Professores. Para além dos benefícios que dá aos visados, a medida permite a entrada de mais docentes na profissão.”

Como? Foi isto que eu li: “Para além dos benefícios que dá aos visados, a medida permite a entrada de mais docentes na profissão.”

Dois maus argumentos:
1. A compensação pelo acréscimo de trabalho que a função exige não pode ser considerada um benefício. Será que se espera de um profissional a doação do seu trabalho?
2. Depois do esforço que tem sido exigido aos funcionários públicos [e, particularmente, aos professores, congelamento das progressões na carreira e, no passado recente, o congelamento de aumentos salariais], a entrada de mais professores tem de ser explicada como uma medida que acrescenta mais qualidade ao sistema e não uma medida avulsa que só serve para gerar emprego.

Uma vez mais se verifica uma incomodativa dificuldade [do ME e sindicatos] em explicar à opinião pública as necessidades do sistema. E uma vez mais a dignidade profissional dos docentes sofre um duro golpe.

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