- A qualidade não tem sido um imperativo ético.
- Os actores educativos não sentem uma vontade intrínseca de qualidade.
Este excerto de um texto do João Paulo Serralheiro [merece ser lido devagar] vem a atalho de foice porque encerra uma visão da qualidade assente na ideologia: “ [...] De cada um segundo as suas capacidades e a cada um segundo as suas necessidades. Dou o que tenho e, em compensação, recebo o que preciso. Se tenho mais capacidade é natural que dê mais. Se tenho menos capacidade é natural que dê menos e receba mais”. A linha desta utopia é importante porque acolhe e promove a diversidade de talentos dentro da sala de aula e nos locais de trabalho. Impulsiona para um nível mais elevado o que cada um é capaz de fazer. As pessoas são todas iguais quanto aos direitos políticos e sociais e têm direito a oportunidades iguais. Contudo, nem toda a gente utiliza o seu potencial intelectual do mesmo modo. Nem toda a gente tira convenientemente proveitos iguais dessas oportunidades iguais e não obtêm as recompensas iguais pelas suas realizações.
Dito isto, como é que retomamos o sentido ético da qualidade? E como é que se exorta nos actores educativos uma alteração das suas capacidades volitivas?
As teorias que se inserem na perspectiva cognitivista, consideram que o comportamento é orientado para objectivos, sendo o comportamento escolhido, assim como o esforço e a persistência, desenvolvidos em função do valor desses objectivos e da expectativa de que esse comportamento poderá alcançar. Nesta perspectiva são previsíveis elevados níveis de motivação quando a pessoa tem elevadas expectativas de que o seu esforço numa dada tarefa permita a sua realização e que esta leva a obtenção de resultados que, para si, são valorizados.
Uma vez mais se reforça a necessidade de iniciar o movimento de baixo para cima e de dentro para fora.
[Voltarei ao assunto.]
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