A blogosfera é um mar de cumplicidades. Acordos secretos que, efectivamente, nunca foram, textos que revelam conivências, pontos de vista coincidentes, ideias da escola similares.
Isto a propósito de uma entrada do Manuel e da citação de Perrenoud [Escola e Cidadania]:
“A educação para a cidadania só terá chance de produzir efeitos se for um problema de todos e se perpassar todas as disciplinas e todos os momentos da vida escolar. Levá-la a sério significa, portanto, ir além das boas intenções e dos discursos, significa transformar profundamente os programas, as atitudes e as práticas.”
Receio ter de desiludir os colegas que comentaram a entrada anterior e que projectaram possibilidades que, provavelmente, nunca se virão a concretizar. As idiossincrasias dos professores são díspares e muito dificilmente encontraremos um denominador comum nos motivos de satisfação profissional. Os doze anos de exercício profissional, consecutivos, numa instituição amorfa e bolorenta, fizeram-me baixar, paulatinamente, a fasquia das expectativas. E não importa dissecar, neste espaço, as razões que provocam o meu desalento que é partilhado por um colectivo mais ou menos numeroso [depende da perspectiva], porque as explicações teriam de procurar argumentos nas várias lógicas que sustentam os jogos de poder. Sinceramente, não estou interessado em ir por aí. Prefiro enfatizar o sentido da mudança e uma vertigem que desponta entre dois sentimentos antagónicos. O sentimento de impotência diante do “modus vivendi” instalado e o júbilo que resulta das brechas provocadas no edifício do isolamento e da balcanização disciplinar.
O que me deixou profundamente animado, como dei conta na entrada anterior, foi a possibilidade de ultrapassar as boas intenções e os discursos. [Teria dificuldade em preparar, de repente, uma citação que interpretasse tão bem a situação vivida. Obrigado pela ajuda, involuntária, Manuel.]
O que me deixou entusiasmado foi a concretização de um trabalho cooperativo que vinha sendo obstruído por um vulto de liderança. [Prometi afastar-me dos terrenos onde se jogam encontros perversos e vou cumprir.]
O que me deixou esperançado foi a possibilidade de induzir nos outros uma mudança de atitude que conduzirá a uma eficiência acrescida das práticas educativas, eliminando a redundância de disciplinas e de actividades.
O que eu vi, em jeito de balanço, foi um ponto de viragem que augura esperança na vida da escola.
Mais importante do que ser eleito para liderar um órgão executivo da escola, como anteviam alguns colegas, é a liderança que se vai conquistando através do desenvolvimento e fortalecimento profissional assente na confiança nas pessoas e confiança nos processos.
Que mais posso eu desejar?
PS: * O título é demasiado pretensioso para o pouco que aqui se disse. Na verdade, é o resultado dos comentários que a entrada anterior suscitou.
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