A propósito desta entrada do Manuel recordei um encontro entre directores de curso [tecnológico] e directores de turma com colegas da direcção regional de educação. A reforma do secundário e, especialmente, os novos cursos tecnológicos exige dos professores um trabalho em projecto. Foi a partir da lógica de funcionamento dos cursos que o(a)s esforçado(a)s colegas da DRE apelaram “às pessoas do terreno” para diligenciar formas e meios que resultassem num envolvimento generalizado dos conselhos de turma. Mais, esperavam ver resultados nos próximos três meses.
O valor da cooperação não deve estar presente nos discursos e nas práticas educativas? Será uma redundância falar em trabalho cooperativo na escola? As práticas quotidianas e um conjunto de estudos [de Hargreaves, por exemplo] dizem-nos que as culturas de colaboração não têm tradição na escola. Será que estamos diante de uma encruzilhada com desfecho previsível?
Embora entenda o esforço d(a)os colegas da DRE a minha pergunta ficou sem resposta: Não serão excessivas as suas expectativas? Será legítimo confiar que os ditos directores façam em três meses aquilo que ninguém, até hoje, conseguiu fazer na escola – romper as barreiras da balcanização?
A minha questão não pode ser confundida com uma manifestação extemporânea de resistência à inovação e à mudança. No fundo, a ideia de procurar mediadores nas escolas está correcta, como parece acertada a lógica de funcionamento dos cursos. Creio que a ênfase nos resultados serviu para dizer que não há tempo a perder e que os directores de curso e de turma têm uma posição privilegiada junto dos seus pares para iniciar esse processo. Mas não chega. Há que sensibilizar e envolver as direcções executivas. Há que aliviar o espartilho normativo que instrumentalizou a gestão escolar afastando-a das questões pedagógicas. E isto é um problema da administração central.
Volto novamente à pescadinha de rabo na boca!
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