Diz a notícia que “a ministra da Educação pretende reforçar o ensino do português e da matemática no 1º ciclo do ensino básico através de um número mínimo de horas lectivas. O objectivo da tutela é prevenir o insucesso e abandono escolar.”
Há qualquer coisa de obscuro nesta notícia. A forma aligeirada como surgiu indicia um resultado inconsequente. É que esta gente parece não aprender. Crêem que a mudança no sistema se resolve com um clique, com o anúncio de uma medida e com uma resma de decretos.
Na verdade, já estávamos avisados. O PNAPAE indicava a criação de um Plano de Português Língua Não Materna, de um Plano de Promoção da Leitura e da Escrita e de um Plano específico para o Apoio ao Ensino e Aprendizagem da Matemática. Será que os tais Planos se restringem ao aumento da carga horária nas duas disciplinas (mais 45 minutos para cada uma) em detrimento de algumas disciplinas não curriculares, como é o caso da área de projecto ou do estudo acompanhado? Aguardarei pelo desenvolvimento da iniciativa. Mas, se observarmos o enunciado da notícia fica a ideia de que a medida é avulsa e emerge de um equívoco conceptual na medida em que circunscreve o insucesso escolar a duas áreas disciplinares, de forma unilateral e redutora. Por outro lado, o conceito de insucesso escolar é multifacetado e demasiado abrangente para ser suprimido, exclusivamente, pela instituição escolar. O que não deixa de ser irónico é que, enviesadamente, a famigerada área de projecto (uma metamorfose da área escola) corre o risco de ser decapitada.
Que bom seria se os clubes escolares renascessem das cinzas para ocupar o seu lugar no sistema educativo, digo eu.
PS: Descobri no Profidências o Síndrome do Contraditório II. É mais do mesmo.
Sem comentários:
Enviar um comentário