Um professor recolhe, agrupa e trata uma enorme quantidade de informação. Situado num determinado contexto, deixa-se levar pelas suas crenças, valores e conhecimentos. Escrevia num texto que se encontra mais em baixo utilizando como exemplo a fragilidade conceptual na avaliação do perfil de um treinador de futebol, que a ausência de explicação de um dado fenómeno evocava uma dimensão religiosa. O treinador tomado como exemplo recorria a uma simbologia deste cariz nos momentos em que a sua equipa alcançava um objectivo importante. Efectivamente, a mediatização destes factos agregou dois elementos distintos mas interdependentes se os analisarmos sob uma perspectiva fenomenológica: este treinador, homem de ciência, tem fé no êxito desportivo.
Bem a propósito surgiram duas questões associadas a um comentário do Manuel:
Até que ponto um agnóstico, como eu, pode e deve lidar com as questões da fé na construção da sua profissionalidade?
Como é que a fé se pode articular com uma dimensão organizacional de um sistema educativo para a construção da Pessoa?
Enquanto que a primeira questão encontra um paralelismo no quadro anterior, para a segunda questão terei de me apoiar no pensamento de Patrício (in: Lições de axiologia educacional, Universidade Aberta, 1993). A dimensão das questões do homem e da sua educação não cabem todas na racionalidade científica e a Pedagogia terá de dar oportunidade a outras razões: à filosófica, à cultural, à poética, à religiosa. Uma escola pluridimensional como é a portuguesa (pelo menos no espírito da Lei) na sua componente curricular como na componente extracurricular não rejeita (talvez seja a expressão mais correcta) a dimensão religiosa da Pessoa. Sendo a escola pluridimensional uma fantasia normativa, a fé não se pode articular na dimensão organizacional do sistema educativo.
Está bem, existe como opção a disciplina de EMRC. E daí?
15 de setembro de 2004
Uma questão de fé.
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