A desvalorização da profissão docente tem sido uma constante na última década e meia. Os beneficiários desta degradação profissional não serão certamente os alunos, as famílias, o estado, a sociedade. Serão pequenos grupos que, circunstancialmente, ganham com a conjuntura. Há que desvendar os rostos daqueles que se escondem por detrás de uma ideologia que prevaleceu na modernidade e que não enxerga o alcance destas mesquinhas lutas sectoriais. Políticos obcecados pelo poder, jornalistas acólitos, pseudo liberais que só clamam pelo Estado quando a desgraça lhes bate à porta.
Por seu turno, os professores do ensino básico e secundário assistem com uma incompreensível letargia à redução salarial, ao empobrecimento das condições e intensificação do trabalho, às consequências nefastas da proliferação sem critério de cursos de formação inicial com qualidade duvidosa.
Uma nova estocada na dignificação profissional do professor sobressai do recente concurso de professores.
Paradoxalmente, os obreiros desta cabala ideológica derramam lágrimas de crocodilo quando pressentem má qualidade na formação que é ministrada aos seus educandos.
As vozes que reclamam a renovação dos incentivos (essencialmente financeiros) nos sectores fulcrais da administração pública de forma a atrair os melhores quadros do sector privado manterão esse mesmo argumento quando se apelar ao incremento de qualidade no sistema educativo?
1 comentário:
Em relação a salários na educação, já li argumentos que pendem não para esses incentivos e prémios mas inclusive para a redução de salários. Argumentava-se nesse artigo que os salários altos dos professores mais antigos (o articulista não usou a palavra experientes) faziam muita concorrência a outras áreas de actividade, desviando mão de obra de sectores produtivos para um sector não produtivo - a educação. A ideia subjacente, parece-me, é a de que ao sector educativo bastam pessoas pouco qualificadas e mal pagas. Li isto no Expresso, já há algum tempo. Mereceria isto um comentário jocoso ou irónico, não houvesse muita gente a levar estas ideias a sério.
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