Eduardo Cintra Torres tem aclarado com competência o funcionamento da máquina de propaganda deste governo e o modo como a comunicação social amplifica as notícias agradáveis. Percebe-se que o poder político se sinta atraído pelo poder da comunicação e que procure extrair proveitos dessa relação. Quase todos os governos o tentaram fazer, embora nem todos creditassem benefícios. Este namoro de conveniência exige da comunicação social uma atitude de constante vigilância para que o seu papel tenha relevância social, atendendo a que é muito ténue a fronteira entre a perversidade e a transparência na coabitação. Os constrangimentos de recursos e a escassez de meios para cobrir o fluxo informativo colocaram a fasquia dos objectivos da comunicação social no seu nível mínimo: a lealdade. E não é uma utopia, a meu ver, apelar à neutralidade no modo como se elegem as notícias, no destaque ou na indiferença pelos acontecimentos, na forma como se reconstrói a realidade, na mostra ou não do contraditório, na montra diversa de convicções nos artigos de opinião. E quando as diferenças de qualidade nos órgãos de comunicação passam a ser determinadas por critérios deontológicos, é um sinal inequívoco de que a comunicação social se encontra numa fase de purgação. E como eu gostaria de ver outros critérios de apreciação do trabalho dos jornalistas. Detesto duvidar da seriedade dos profissionais que me trazem uma parte da informação que consumo. Mas, por outro lado, este sinal de definhamento da democracia acaba por ser relativizado pela emergência da blogosfera que é um amplo espaço alternativo de informação, de liberdade e de cidadania. Valha-nos isso.
Nota 1: Vem a propósito este artigo de opinião de um jornalista do Jornal de Negócios [de uma pobreza argumentativa confrangedora] onde o seu autor apela aos leitores para que deixem a ministra da educação trabalhar e que lhe dêem uma nova oportunidade.
Nota 2: Vem a propósito este editorial do DN.
Bem, não sei se hei-de rir ou chorar…
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