5 de janeiro de 2008

O debate público e a mordaça II

Como defendi aqui, quem adere ao debate fá-lo por duas razões fundamentais:
  • Por um lado, procura aprofundar o seu conhecimento sobre a realidade educativa porque a sua ideia de profissionalidade não se circunscreve ao saber técnico relacionado com a sua disciplina;
  • Por outro lado, quer agir politicamente, isto é, quer influenciar o curso dos acontecimentos mais imediatos ou não [imediatos – ao “forçar” a alteração deste documento particular; de médio e longo prazo – ao enquadrar esta discussão numa estratégia global que procura “forçar” a implementação da SUA ideia de escola].

É no domínio político, portanto, que se revelam modos e formas alternativas de actuar. Não se trata de ser mais ou menos conservador, mais ou menos progressista, nos caminhos a seguir. Não é uma visão determinista porque cada um dos actores pode reposicionar-se politicamente em função das características do banho cultural em que está imerso. É uma visão realista que faz do actor o dono da sua circunstância.

Voltemos à meta discussão sobre a proposta do governo do regime jurídico... de gestão escolar. Defendi atrás que este é o tempo da sindicalização. Não terei sido suficiente convincente nos argumentos para influenciar quem quer que seja. Como político tenho os dias contados... ;) Como sou persistente, vou acrescentar um novo argumento com a esperança de que serei capaz de arregimentar pelo menos uma pessoa ;))

É consensual que as políticas educativas em Portugal, e nos países em que os nossos governantes se inspiram para copiar as fórmulas, proletarizam a função docente. O professor profissional intelectual, homem-de-pensamento, homem de cultura - no sentido mais amplo do termo, deu lugar ao funcionário público, ao técnico da educação. Apesar da resistência de uns quantos que por aqui andamos, o caminho da funcionalização parece ser irreversível. Pergunto se neste contexto, num tempo em que somos tratados como meros operários do ensino, pergunto se as fórmulas de combate e de defesa dos interesses desses mesmos operários devem ser atomizadas ou colectivistas?

Se a resposta for a acção individualista, então não contem comigo e cada um que se dane à procura da SUA solução.
Se a resposta for a acção organizada, o movimento sindical é o mais adequado para responder aos desafios desse passado cada vez mais presente, mesmo que desejemos estar à frente do nosso tempo.

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