28 de abril de 2007

Da lucidez…

Sobre a importância da greve geral
São José de Almeida * [Público, 28/04/2007]

[…] Não é em vão que se convoca uma greve geral, uma greve geral tem um significado político preciso. E, ainda que não se entenda a greve geral na perspectiva de Georges Sorel - para quem, mais do que uma forma de luta, mais mesmo do que a forma de luta, ela era o valor revolucionário supremo, através do qual se daria a superação da sociedade liberal -, ninguém pode contestar que a convocação de uma greve geral, quer nas suas leituras sociais-democratas, quer nas suas leituras comunistas, é um acto político, uma forma de combate político puro.
Por isso, não há possibilidade de, em rigor, vir a considerar que o acto de combate convocado para 30 de Maio é uma manobra controlada pelo PCP, uma diversão para pressionar o Governo, ou uma forma de luta para obter dividendos laborais ou salariais: unia greve geral não existe para discutir salários, nem creches e salas de ginástica nas empresas, uma greve geral só existe enquanto combate a um modelo de sociedade, enquanto forma política de luta. E surge como cristalino que a greve geral agora convocada tem como objectivo combater a política de desregulação representada pelo Governo de José Sócrates. […]

Os comentadores exigem assim a José Sócrates que prossiga na revolução social que aceitou introduzir em Portugal e que está em curso na Europa, uma revolução de inspiração neoliberal que tem como objectivo reorientar a distribuição da riqueza produzida exclusivamente em função do interesse e do lucro das empresas e não também em função do interesse e do bem-estar dos cidadãos. […]

Apesar de muitas vezes entregues a aristocracias que se perpetuam no poder, os sindicatos apresentam-se como os que podem tentar ser um obstáculo à política do Governo liderado por José Sócrates, depois da diluição da ala esquerda do PS, das limitações do PCP e da orientação para uma agenda mediática do BE. Resta perceber até que ponto a sociedade portuguesa está suficientemente politizada e madura e as pessoas vão de facto resistir e lutar pelos seus interesses. Mas essa incógnita só terá resposta a 30 de Maio, através da dimensão e da força de adesão em massa ou não dos portugueses à fase de luta política que representa aderir a uma greve geral. […]”

*Jornalista

PS: Para ler o artigo na íntegra, faça um clique na imagem.

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