18 de agosto de 2006

O problema da culpa…

Novos disparates educativos
No PÚBLICO da passada terça-feira, José Dias Urbano indignou-se com o facto de ter sido aprovada uma lei que determina que os alunos do ensino primário (nomeadamente), constituídos em associação, "têm direito a emitir pareceres aquando do processo de elaboração de legislação sobre o ensino", designadamente nos domínios da definição e financiamento do sistema educativo, gestão das escolas, acesso ao ensino superior, etc.
Ora, ao contrário do que defende José Dias Urbano, eu penso que esta lei só peca por não tornar estes pareceres vinculativos e por deixar de fora os alunos da pré-primária e os nascituros.
Será que o senhor professor José Dias Urbano pensa que os alunos da pré-primária ou do ensino primário eram capazes de fazer leis tão estúpidas e tão insensatas como as que são feitas pelo Ministério da Educação e pelos nossos deputados? É que se pensa isso, está redondamente enganado. E os nascituros ainda têm uma vantagem enorme sobre esta gente: têm a humildade suficiente de não falar, nem mandar palpites, sobre o que não sabem.
Santana-Maia Leonardo
Ponte de Sor
(Espaço Público, 19-08-06)
O cinismo é uma reacção negativa dos professores quando tentam lidar com as sobrecargas intoleráveis de culpa que lhes são impostas a partir do exterior das escolas. É óbvio que o problema da culpa e as suas consequências negativas para os docentes e para as escolas não é só um problema privado. Seria bom que esta questão [pública] fosse encarada com seriedade por todos aqueles que ainda acreditam que a educação [escolar] ainda vale a pena.

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