14 de janeiro de 2005

Extra e intra-escolar

É consensual que os professores, a comunidade educativa ou a sociedade, devem ser responsabilizados pelo rumo do sistema educativo. No entanto, não teremos a mesma cota de responsabilidade pelo facto de assumirmos diferentes papéis, tanto mais que nos posicionamos distintamente no interior da organização. O professorado, como corpo colectivo, é um dos pilares fundamentais neste sistema educativo embora o seu contributo possa ser prescindível em determinados contextos [nomeadamente, o ensino doméstico a que se refere Apple]. Não é este o caso. E neste sentido, concordo com o comentário [à entrada anterior] do Paulo quando considera que os professores não estarão isentos de culpa pelo que de mau for imputado ao “sistema”. Claro que a passividade, a escassa intervenção cívica em torno dos problemas que nos dizem directamente respeito e a falta de envolvimento na orientação das políticas educativas, remete-nos para o “lugar do morto”. Obviamente que neste quadro, alguém decidirá por nós. Nessa medida, seremos responsáveis pelo estado do nosso sistema educativo.
Na verdade, o problema é muito mais complexo e não se circunscreve à identificação dos actores que não se assumem como autores. Os professores podem muito mas não podem tudo, nomeadamente, a definição das macro-prioridades do sistema educativo, das políticas mais ajustadas para os desafios com que está confrontado o sistema, etc., etc.
Voltando ao comentário do Paulo. “Como que se assume/permite que, na própria escola, o que é "extra" possa ser mais interessante para os miúdos, do que aquilo que é "intra"? Em primeiro lugar, convém esclarecer que o currículo entendido num sentido restrito [o conjunto de actividades lectivas] será menos atraente do que o extra-currículo porque estas actividades auto determinadas serão mais do agrado dos alunos. O termo currículo, utilizado no sentido lato, coincide com o conjunto de actividades lectivas e não-lectivas programadas pelas Escola, e ambas terão grande interesse educativo. Ou será que abdicamos do princípio da autodeterminação educativa, aquele que fornece uma orientação geral para apoiar o crescimento gradual da liberdade do educando?

O comentário da colega Saltapocinhas visa a problemática da educação obrigatória e abre outra frente de discussão.
Talvez regresse ao assunto.

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