2 de novembro de 2004

Um (bom) clube escolar.

No final do post Falta de lucidez exprimia o seguinte desejo: “Que bom seria se os clubes escolares renascessem das cinzas para ocupar o seu lugar no sistema educativo”. Eis a pergunta inevitável que surgiu através de um comentário do Nuno: “O que é, para si, um bom clube escolar?
Como sabem(?), nos primórdios do outroolhar (a expressão não podia ser mais exagerada atendendo a que o blogue é um recém-nascido) a Escola Cultural foi o tema aglutinador. Foi com ele que se abriram as portas da blogosfera, foi através dele que se identificaram alguns dos companheiros desta viagem e que ainda compartilham a mesma carruagem.
Bom, voltemos à questão inicial. Um clube escolar consubstancia a dimensão extracurricular de uma Escola Pluridimensional. Enquanto que no 1º ciclo esta dimensão aparece fundida com as restantes dimensões da escola, no 2º e 3º ciclos aparecem autonomizadas e bem articuladas. No secundário, acentua-se o carácter de liberdade e autonomia na cooperação dos alunos.
A essência de um clube escolar é a sua frequência livre. Contudo, os alunos são obrigados a frequentá-los uma vez inscritos devido ao compromisso que assumiram livremente.
Um clube escolar deve resultar de uma rigorosa planificação geral e concretizar-se no quadro dessa planificação. O tempo semanal das actividades dos clubes escolares deve variar em função da natureza das actividades, da vontade e da disponibilidade dos alunos e professores, do seu peso relativo no conjunto das actividades escolares do aluno. Só os professores interessados e empenhados no desenvolvimento das actividades extracurriculares poderão cumprir integralmente as exigências que estas actividades encerram. Preencher horários, fugir das actividades curriculares, andar a reboque dos colegas do núcleo, são algumas das disfuncionalidades que acabam por desacreditar os clubes escolares.
Se forem ultrapassados os constrangimentos legais que limitam a creditação horária para as actividades não-lectivas, se a organização e funcionamento da escola não tiver como único referencial as actividades curriculares, se abandonarmos o ajuste pelo diapasão do voluntarismo e “carolice” dos professores, os clubes escolares poderão cumprir o seu papel – satisfazer as necessidades dos alunos de acordo com as suas singularidades vocacionais –. E se um clube cumprir a sua função será sempre um bom clube escolar.
Para quem decidir aprofundar esta temática sugiro uma incursão pela Escola Cultural do magnífico Manuel Ferreira Patrício.

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