28 de junho de 2008

Rigorosas habilitações ou falta de mão-de-obra barata?

"Vítor Lourenço, vereador da Educação, adianta, no entanto, que a maioria dos agrupamentos já aceitou corresponder à proposta e que uma reunião a realizar hoje, sexta-feira, pretende ultimar o processo de modo a garantir que, no próximo ano lectivo, as AEC decorram sem sobressaltos.
O vereador classifica mesmo o ano que passou de “horribilis”, devido a um sem número de alunos que ficaram sem AEC por falta ou desistência de professores e dificuldade em contratar substitutos
." (Via O Cartel)
O que me espanta não é a eventual impreparação deste ou daquele autarca para determinadas funções. O desenrasca típico, que faz escola no nosso país, pode resultar em assuntos de pequena monta, mas é claramente um obstáculo quando se trata de lidar com problemas estruturantes, como é o caso da educação. Quando o governo acenou com a possibilidade de delegar competências na área do ensino, os municípios não deixaram fugir a oportunidade de aumentar o bolo das finanças locais. O problema muda de forma quando o Estado central decide, como é seu dever, regular e fiscalizar as actividades delegadas no poder local. Neste caso chegou tarde, mas em boa hora, a regulamentação das AEC’s ao nível da contratação dos professores. Diz o vereador da Câmara Municipal de Leiria que encontrou “dificuldades em recrutar professores de Inglês, Música e Educação Física, tendo em conta as rigorosas habilitações exigidas pelo Ministério da Educação e para cargas horárias reduzidas, algumas com apenas quatro horas semanais.”

É evidente que seria muito mais fácil recrutar professores sem habilitações próprias, com habilitações insuficientes e a baixo custo.
O que me espanta, no meio deste imbróglio, é o facto de ainda haver quem pense que para ser professor basta ter sido... aluno.

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