22 de março de 2008

As margens

Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas
as margens que o comprimem
Bertold Brecht
Esta Escola está esgotada. A escola pública de massas, inventada para o ensino colectivo, incorporando os pressupostos pedagógicos do ensino individual (de um mestre com o seu discípulo), edificou-se numa matriz pedagógica – a classe. Foi necessário criar um sistema de divisão e homogeneização dos alunos, de uniformização dos métodos de ensino e de controlo do trabalho docente. Com o aumento do número de alunos e a sua heterogeneidade, o prolongamento da escolaridade obrigatória, as crescentes expectativas quanto ao efeito da escolarização na obtenção de emprego, as estruturas da escola não estão preparadas para os novos públicos. Esta Escola dá mostras que já não tem sentido.

O episódio da Carolina Michaelis, como os milhares de episódios mais ou menos semelhantes que envolvem alunos e professores anónimos, são expressões de um desajustamento da organização escolar. Embora algumas das causas destas situações possam ser exteriores à própria escola, a classe/turma pode ser uma das causas directas.

Apesar dos esforços de minorias de professores que procuram ultrapassar as dificuldades colocadas pelo modelo uniforme, muitas vezes como medidas isoladas de sobrevivência; apesar de um conjunto de reformas que tentaram introduzir mudanças estruturais na organização pedagógica das escolas, nenhuma das respostas, locais ou globais, puseram em causa o princípio de ensino em classe.

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