8 de dezembro de 2006

Ideias que caem em saco roto…

Vê o meu amigo Manel uma incoerência no meu discurso. Para quem combate tão veementemente o ímpeto centralista dos vários governos no modo de gerir a escola, esta sugestão parece contra natura. E mais do que isso, seria pura demagogia se solicitasse a intervenção do governo para um assunto que poderia ser resolvido dentro de portas. Mas, a meu ver, não pode ser resolvido intra-muros. O alcance da minha proposta é mais largo. Pensava eu, embora admita que o meu pensamento não fosse reflectido no que foi escrito, que era necessário envolver outros agentes sociais nesta proposta. Pensava que a participação dos empregadores [e não esqueço o movimento recente de alguns que manifestaram a sua preocupação com os problemas educativos…] seria fundamental na criação de condições de acesso das famílias à escola. A generosidade da minha proposta [que decerto contaria com a resistência de muitos colegas] iria mais longe. Seria um novo apelo ao altruísmo dos professores e funcionários para sacrificar um feriado nacional e uma prova do envolvimento das famílias ou, pelo contrário, da sua demissão, na educação dos nossos alunos.
Talvez não tenha sido suficientemente claro ou a proposta é inócua qb para ser levada a sério. O que não é grave atendendo a que não tenho a presunção de influenciar quem quer que seja para assuntos de estado ;)
O que procurei dizer foi algo muito simples: Os sujeitos em geral e os alunos em particular modelam os seus comportamentos de acordo com as exigências dos contextos em que se movem, dos diferentes papéis que desempenham, dos valores que lhes norteiam a acção: há muitos pais que em casa têm anjinhos que se metamorfoseiam em pequenos diabinhos na escola. Os encarregados de educação mais avisados sabem que a sua presença na escola seria atípica e, muito provavelmente, tornaria o ambiente escolar artificial. Mas, apesar de tudo isto, apesar de existir o risco de uma encenação desprovida de significado, a experiência a que me refiro traria vantagens para as famílias e para a escola. Sentir os constrangimentos dos educandos e dos professores, mesmo que por um só dia, seria uma experiência singular. O modo como estas jornadas [posso designar esta proposta deste modo] seriam abordadas dependeria muito das dinâmicas de cada comunidade educativa. A fórmula para operacionalizar a proposta escrever-se-ia no plural.
Mas olhemos para o clima que se vive nas escolas. O meu realismo não me permite ver outro destino para a proposta: um saco roto...

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