27 de novembro de 2006

Já li… e aconselho

  • Cinco armadilhas para a educação
Artigo publicado na edição portuguesa de «Le Monde Diplomatique» (Outubro/2000)

Instada a responder sozinha ao desafio da promoção social, a escola vê-se progressivamente desacreditada e sujeita aos desideratos de mercado de trabalho. Na “sociedade do conhecimento” – onde a promoção de novas tecnologias é pensamento único – a educação já não é mais do que o instrumento de legitimação de uma divisão social desigual. Esta visão redutora esquece que a escola é, antes de mais, o local onde se constrói o laço social, onde deve elaborar-se a “democracia da vida”. [Continuar a ler aqui…]
Riccardo Petrella
Professor na Universidade Católica de Louvain (Bélgica); conselheiro na Comissão Europeia

  • A educação foi evacuada do debate político
[…] Que consequências advirão, para a Escola e para os docentes, da conflitualidade latente que marca o momento actual do sistema educativo?
Eu não tenho uma visão patológica, disfuncional, do conflito. Penso que o conflito é esperável e legítimo numa sociedade democrática. O que espero é que haja capacidade das partes envolvidas, ministério e plataforma sindical, para dirimir os conflitos de forma democrática.
Porque não vale a pena impor unilateralmente um estatuto aos educadores e professores, que devem ser dotados de grande autonomia do ponto de vista científico, pedagógico e relacional. Não é pensável que profissionais altamente controlados, subordinados, alienados, possam contribuir para a autonomia dos educandos, para a autonomia das escolas e para a democratização da Escola.
Se houver bom senso, creio que se fará o que for necessário para chegar a uma postura negocial que exige cedências de ambas as partes. E aí, as organizações sindicais são absolutamente centrais, não só na defesa dos pontos de vista profissionais, mas também na descodificação e explicitação de determinadas mudanças aos próprios professores.
Portanto, eu diria que é preciso, efectivamente, construir um novo estatuto, mas construí-lo negociando e evitando rupturas definitivas, que não interessam a ninguém e que se arriscarão a desprofissionalizar os professores – se os professores tiverem um estatuto no qual não se revêem, que é um estatuto outro, relativamente ao qual se alienam, o que é que se vai fazer com ele?
Neste momento conturbado, já tenho ouvido dizer de professores que estão no 9º escalão que a sua carreira acabou aqui, que jamais se proporão a um concurso para professor titular, por exemplo. Eu compreendo as razões, mas se isto acontecer, se os mais experientes, se os que neste momento estão no topo da carreira se alienam de vir a ocupar posições, isso será um indicador de que o estatuto se insucedeu completamente.
Claro que há sempre excepções, gente muito nova com uma capacidade de intervenção notável e gente em final de carreira que continua a ter uma energia extraordinária.
Mas quem está nas escolas e quem estuda as escolas sabe que quem mexe, quem aguenta isto, quem investe, é uma geração que está entre os 35-45 anos. Se estes “motores das escolas” ficarem abaixo da categoria actual de professor titular, não sei quem é que vai levar isto para a frente... [Ler a entrevista…]
Licínio Lima (pp.14 a 23)

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