10 de setembro de 2006

Conversa de domingo

  1. Um dos meus leitores [ou melhor ex-leitor], a dada altura, endossou-me uma crítica dura mas acertada durante uma discussão cruzada. Essa crítica descrevia a minha dificuldade em apresentar soluções para os problemas que por aqui se levantam, e que o meu discurso era muito palavroso, pouco sistemático e que corria o risco de ser confundido com o discurso dos eruditos das ciências de educação. Isto é, simplificando, o que esse leitor [que eu considerava e ainda considero um exímio utilizador do processo argumentativo] disse, é que a minha escrita era imprecisa e desconexa. Até hoje, nunca senti necessidade de refutar esta opinião, por dois motivos: porque reconheço algumas das minhas limitações nas expressões [escrita incluída] o que me leva a considerar a justeza de uma parte da crítica; e porque nunca me projectei em ninguém assumindo sempre com verdade a minha singularidade de professor e homem do terreno, logo, se alguém me confunde com outrem esse será um problema que terá de ser imputado ao leitor. E abusando da linha intimista permita-me, caro leitor, já que nos representamos olhos nos olhos, uma recomendação: se busca a evidência através do argumento da autoridade, receio que não a encontre por cá…
  2. A função docente não se reduz a um enquadramento normativo mas encontra aí uma boa parte da sua legitimidade. Há discussões que sabem a papel de música: Andar sistematicamente a repetir que o professor não é psicólogo, não é auxiliar da acção educativa, não é polícia, não é assistente social, não é isto e aquilo, e que o ME e o mundo que nos rodeia quer que sejamos isso tudo e mais alguma coisa, e que os sindicatos só defendem os interesses dos seus dirigentes e que não gostam de “dar aulas”, e que o melhor é uma Ordem que faça por nós, dizia eu que este discurso sem a acção correspondente faz parte do tal discurso pessimista a que se referia o Eça e que dá muito jeito aos inertes mas que pouco contribuirá para alterar o estado da situação em que nos encontramos. Obviamente que me dirijo aos inertes que nunca têm tempo para estas mesquinhices e que isto é conversa de teóricos.
  3. As escolas situadas são, por definição, todas diferentes… muitas das desilusões que sentimos ao longo do tempo decorrem das expectativas desproporcionadas… Muito do pessimismo circunstancial que nos fere a alma tem mais a ver com a deficiente análise da situação da escola - esse complexo sistema de relações pessoais, do que com eventuais mudanças nos actores locais.
  4. O glorioso continua a perder... Uma desgraça nunca vem só!

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