- Um dos meus leitores [ou melhor ex-leitor], a dada altura, endossou-me uma crítica dura mas acertada durante uma discussão cruzada. Essa crítica descrevia a minha dificuldade em apresentar soluções para os problemas que por aqui se levantam, e que o meu discurso era muito palavroso, pouco sistemático e que corria o risco de ser confundido com o discurso dos eruditos das ciências de educação. Isto é, simplificando, o que esse leitor [que eu considerava e ainda considero um exímio utilizador do processo argumentativo] disse, é que a minha escrita era imprecisa e desconexa. Até hoje, nunca senti necessidade de refutar esta opinião, por dois motivos: porque reconheço algumas das minhas limitações nas expressões [escrita incluída] o que me leva a considerar a justeza de uma parte da crítica; e porque nunca me projectei em ninguém assumindo sempre com verdade a minha singularidade de professor e homem do terreno, logo, se alguém me confunde com outrem esse será um problema que terá de ser imputado ao leitor. E abusando da linha intimista permita-me, caro leitor, já que nos representamos olhos nos olhos, uma recomendação: se busca a evidência através do argumento da autoridade, receio que não a encontre por cá…
- A função docente não se reduz a um enquadramento normativo mas encontra aí uma boa parte da sua legitimidade. Há discussões que sabem a papel de música: Andar sistematicamente a repetir que o professor não é psicólogo, não é auxiliar da acção educativa, não é polícia, não é assistente social, não é isto e aquilo, e que o ME e o mundo que nos rodeia quer que sejamos isso tudo e mais alguma coisa, e que os sindicatos só defendem os interesses dos seus dirigentes e que não gostam de “dar aulas”, e que o melhor é uma Ordem que faça por nós, dizia eu que este discurso sem a acção correspondente faz parte do tal discurso pessimista a que se referia o Eça e que dá muito jeito aos inertes mas que pouco contribuirá para alterar o estado da situação em que nos encontramos. Obviamente que me dirijo aos inertes que nunca têm tempo para estas mesquinhices e que isto é conversa de teóricos.
- As escolas situadas são, por definição, todas diferentes… muitas das desilusões que sentimos ao longo do tempo decorrem das expectativas desproporcionadas… Muito do pessimismo circunstancial que nos fere a alma tem mais a ver com a deficiente análise da situação da escola - esse complexo sistema de relações pessoais, do que com eventuais mudanças nos actores locais.
- O glorioso continua a perder... Uma desgraça nunca vem só!
10 de setembro de 2006
Conversa de domingo
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