21 de agosto de 2006

Integrações…

[…] A AP (Área de projecto] e o PT [Projecto tecnológico] são, pois, um vector de integração curricular ao articular o projecto educativo da escola com o conjunto das aprendizagens essenciais previstas no plano de estudo de cada curso científico-humanístico ou tecnológico.
A AP e o PT são um espaço de debate que configura uma realidade curricular centrada nos alunos e nos processos de decisão dos professores ao nível dos órgãos de decisão pedagógica – nomeadamente áreas disciplinares e departamentos curriculares – e nas parcerias que estes estabelecem com os alunos, encarregados de educação e comunidade. Trata-se de uma área em que os alunos mobilizam competências desenvolvidas no contexto dos conteúdos das disciplinas do seu plano curricular para resolverem problemas, para estudarem e compreenderem fenómenos do mundo que os rodeia, elaborando produtos concretos de natureza diversa.
Porque faz parte de uma lógica de questionamento das experiências quotidianas dos alunos, a AP e o PT exigem uma liderança curricular forte no interior das escolas, com a participação dos directores de turma e de curso (cursos tecnológicos), do conselho de turma e dos professores responsáveis por estas áreas. A concepção, realização e avaliação da AP/PT não pode tornar-se numa actividade exclusiva de um professor, na medida em que é no contexto do curso e da turma que o projecto adquire sentido
. […]
Não corro o risco de ser rotulado de eduquês [ ;o) ] se disser que a integração curricular dá coerência e cose as diversas matérias que se encontram dispersas por inúmeros planos adstritos às disciplinas que o ME exige que sejam leccionadas na escola. Apesar de parecer uma boa ideia o apelo à integração curricular porque se presume que facilita o processo de integração do saber de modo a que o conhecimento faça sentido para o aluno, o modus operandi exige uma revolução na escola! E essa revolução passa por encontrar respostas para um conjunto de perguntas, nomeadamente:

Se somos um produto [os letrados deste país] de uma escola que sempre funcionou em ilhotas numa espécie de balcanização disciplinar, para quê mudar?
Por que carga de água é que os professores devem coz(s)er as matérias [ou cozer as aprendizagens, em lume brando de preferência, num cozinhado (projecto) preparado, em simultâneo, por vários cozinheiros (professores)] numa espécie de papa “pronta-a-comer”?
Não estamos, com este tipo de tecnologias, a promover, paradoxalmente, uma cultura do facilitismo ao fazer deslocar do aluno para os professores a responsabilidade da organização do saber?

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